Júlio Campos diz que deputado até ajuda 'roubar', mas que não leva nada
+ Política
Segunda, 19 Agosto 2013
| ANA ADÉLIA JÁCOMO DO REPÓRTER MT
Não é de hoje que os deputados federais são criticados pelo excesso de regalias que embolsam do Congresso Nacional. Se for somar todos os benefícios, cada parlamentar recebe por mês o equivalente a R$ 140,6 mil, incluindo o salário de R$ 18 mil. Um dos oito deputados federais por Mato Grosso, o democrata Júlio Campos admitiu que o rendimento é mais do que suficiente.
“É até anormal, mas nem todos os deputados recebem tudo isso. O auxílio-saúde mesmo, só é usado pelos que estão doentes. No caso do Homero Pereira (PSD), que está com câncer. Ele, sim, necessita dos serviços médicos da Câmara. De todos, apenas um ou dois utilizam. A maioria está doente só de safadeza mesmo”, ironizou Júlio Campos.
“Não é o deputado que rouba, mas os ministros. O deputado, coitado, até ajuda a roubar e não leva nada”, disparou o deputado federal
Sobre o auxílio-moradia, Júlio disse que os deputados que dispõem de apartamentos na Capital Federal não recebem os R$ 3 mil mensais, dos quais têm direito. “O auxílio serve para pagar diária em hotéis, mas eu tenho meu próprio apartamento em Brasília, por isso nunca usei esse dinheiro”, garantiu o democrata.
Apesar de criticar os altos benefícios, o próprio deputado optou por sugerir um aumento significativo nos rendimentos dos políticos. Para ele, a maneira mais fácil de extinguir a corrupção é elevando os salários dos parlamentares.
“Temos que receber mais de R$ 140 mil mesmo, para acabar com essa roubalheira. Não sou a favor dessas patifarias do Governo. Não é o deputado que rouba, mas os ministros. O deputado, coitado, até ajuda a roubar e não leva nada. Temos deputados honestos, como o Pedro Simão (PMDB), Eduardo Suplicy (PT)”.
Na tentativa de defender suas ideias, sobraram farpas até mesmo para a imprensa. “Corrupção tem em todo lugar, até na imprensa. Jornalista sai para fazer matéria na rua e some. Fica andando à tôa. Se ganhássemos um salário condigno, não haveria tanta roubalheira”, finalizou Júlio Campos.
BENEFÍCIOS SEM VALOR ESTIMADO
Carros oficiais. São 11 carros para uso dos seguintes deputados: o presidente da Câmara; os outros 6 integrantes da Mesa (vice e secretários, mas não os suplentes); o procurador parlamentar; a procuradora da Mulher; o ouvidor da Casa; e o presidente do Conselho de Ética.
Impressões e materiais
até 15 mil A4 por mês,
até 2 mil A5 por mês
até 4 mil exemplares de 50 páginas por ano (200 mil páginas por ano)
até 1 mil pastas por ano
até 2 mil folhas de ofício por ano
até 50 blocos de 100 folhas por ano
até 5 mil cartões de visita por ano
até 2 mil cartões de cumprimentos por ano
até 5 mil cartões de gabinete por ano
até 1 mil cartões de gabinete duplo por ano
OBSERVAÇÕES
(1) Ajuda de custo. O 14º e o 15º salários foram extintos em 2013, restando apenas a ajuda de custo. O valor remanescente se refere à média anual do valor dessa ajuda de custo, que é paga apenas duas vezes em 4 anos.
(2) Cotão. Valor se refere à média dos 513 deputados, consideradas as diferenças entre estados. A média não computa adicional de R$ 1.244,54 devido a líderes e vice-líderes partidários. A Câmara decidiu aumentar o valor do cotão este ano em 12%. Cotão inclui passagens aéreas, fretamento de aeronaves, alimentação do parlamentar, cota postal e telefônica, combustíveis e lubrificantes, consultorias, divulgação do mandato, aluguel e demais despesas de escritórios políticos, assinatura de publicações e serviços de TV e internet, contratação de serviços de segurança. O telefone dos imóveis funcionais está fora do cotão: é de uso livre, sem franquia.
(3) Auxílio-moradia. O valor indicado representa a média de gastos de acordo com o uso do benefício em cada época. Em 2011, o valor era de R$ 3 mil por mês. Em 2013, vai subir para R$ 3.800, aumento de 26,67%. Mas só quem não usa apartamento funcional tem direito ao benefício. Em março de 2011, 270 deputados não usavam apartamentos e, portanto, recebiam auxílio. Em março de 2013, 207 deputados usavam o benefício, 300 moravam em um dos 432 imóveis existentes e 5 não usavam os apartamentos funcionais e nem recebiam o auxílio.
(4) Saúde. O valor se refere à média de gastos por parlamentar. Em 2011, foram R$ 2,01 milhões; em 2012 (último ano fechado), R$ 1,47 milhão. Os deputados só são ressarcidos em serviços médicos que não puderem ser prestados no Departamento Médico (Demed) da Câmara, em Brasília.