Nem mesmo as críticas de bastidores que alguns deputados estaduais fizeram o governador Silval Barbosa (PMDB) recuar da nomeação de Rosa Neide Sandes, indicada pelo Partido dos Trabalhadores, para substituir o deputado federal Ságuas Moraes na Secretaria de Estado de Educação. Sua nomeação foi publicada no Diário Oficial do Estado, edição eletrônica, desta terça-feira (08/10) com data de segunda-feira (07/10).
Com a decisão, o PT entre no oitavo ano de direção da Seduc. A tendência interna ‘Construindo um Novo Brasil’ (CNB), controlada pelo deputado Alexandre Cesar e ex-deputado Carlos Abicalil, além do próprio Ságuas, asseguraram a chancela petista para Silval nomear Rosa Neide.
É a terceira vez que Rosa Neide Sandes assume a Seduc e, novamente, em meio a uma crise sem precedentes, por conta da greve de 56 dias dos profissionais do ensino público de Mato Grosso. “O governo cedeu à pressão do PT. Era hora de ‘despetizar’ a Seduc, como ele fez com a Secretaria de Saúde, quando fez uma limpeza do grupo de Pedro Henry”, observou um deputado da base governista.
Nos bastidores do Edifício Dante de Oliviera, não são poucos os deputados que se referem à Seduc como ‘capitania hereditária’ ou ‘feudo’ do Partido dos Trabalhadores.
Ságuas Moraes assumiu a cadeira na Câmara Federal, em substituição ao deputado Homero Pereira (PSD), aposentado para tratamento de saúde. Na esfera petista, Rosa Sandes seria a única a aceitar de confiança do grupo que controla o grupamento CNB. Além disso, ela tem participado das negociações que há quase dois meses, com o Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público (Sintep), que vem causando constrangimento nacional a Silval Barbosa.
Antes de bater o martelo, Silval conversou com o presidente estadual do PT Willian Sampaio, e Alexandre César, que tinha a preferência da cúpula do Palácio Paiaguás. Mas Sampaio e Alexandre endossaram a escolha de Rosa Neide, com as bênçãos d cúpula do PT.
A greve
Rosa Neide foi o nome sugerido por Ságuas. Todavia, diante da persistência da greve dos trabalhadores na educação, agravada por decisões judiciais, provocou indecisão de Silval sobre a indicação do PT, que correu sério risco de perder a Seduc.
Mesmo descontente com a paralisação dos professores, Silval insiste que para a classe “dentro das possibilidades do caixa público”, mediante a responsabilidade fiscal do seu governo. Houve um clima pesado do PT com setores do governo.
O atendimento da indicação do PT significa que sua aliança com o PMDB terá sequência nas eleições de 2014, em Mato Grosso. O PT faz parte da base aliada do governo Silval desde as eleições e continua no arco de alianças do PMDB.
Contas rejeitadas
Em dezembro de 2012, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) julgou irregulares as contas anuais da gestão da Seduc, referente ao exercício fiscal de 2011, quando Rosa Neide e Ságuas Moraes geriram a pasta que é a maior em contingente como em orçamento. Rosa comandou a Seduc entre janeiro e outubro. Ságuas Moraes foi responsável no período de 3 de novembro a 31 de dezembro de 2011. Conselheiro do TCE/MT, Sérgio Ricardo foi o relator.
Com um orçamento inicial de R$ 1,5 bilhão para 2013, as projeções já demonstram que as receitas da Educação vão chegar a R$ 1,7 bilhão neste ano, só que na mesma proporção os gastos com salários serão de R$ 1,4 bilhão.