O secretário de Estado de Saúde Gilberto Figueiredo demonstrou preocupação com a possibilidade de retorno das aulas presenciais em instituições de ensino do Estado, suspensas desde março por conta da pandemia da Covid-19.
Especialmente entre as escolas particulares, existiria uma grande pressão para a retomada, em razão de muitas unidades acumularem prejuízos financeiros por conta da paralisação.
“Tenho uma visão muito pessimista sobre o controle do vírus, face ao comportamento que vejo da população. A classe econômica acha que tem que abrir tudo, há pressão para voltar as aulas. Se isso ocorrer, a coisa vai piorar muito e aí teremos que chorar pelo falecimento de crianças, que neste momento estão protegidas”, disse o secretário.
A classe econômica acha que tem que abrir tudo, há pressão para voltar as aulas. Se isso ocorrer, a coisa vai piorar muito e aí teremos que chorar pelo falecimento de crianças que neste momento estão protegidas
Nas últimas semanas, o Estado vem batendo recordes consecutivos de casos e mortes em decorrência do novo vírus.
Em crianças, no entanto, as confirmações estão bem abaixo das pessoas com faixas etárias mais elevadas, conforme aponta o secretário.
Os números, no entanto, não constam nos últimos boletins da SES, em razão de mudanças que estão sendo realizadas no sistema dos Municípios.
O documento revela apenas que há, no momento, quatro crianças internadas em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) por conta da doença. O número de internações totais no Estado chega a 932 atualmente.
“Os números demonstram claramente que as crianças, quando infectadas, dificilmente se agravam. Graças a Deus, se não, seria um caos maior”, disse.
“Agora, as crianças não são as mais vulneráveis ao vírus, mas elas transmitem, movimentam o vírus. Criança vai ter contato com alguém infectado, vai levar a infecção para dentro de casa e infectar os que são vulneráveis: pais, avós. Com a volta às aulas, imaginem quantas mil crianças teremos como ‘transportadores do vírus’ à disposição”, emendou.
Ainda segundo Figueiredo, seria uma “utopia” imaginar que os pequenos terão, no ambiente escolar, cuidados como distanciamento social ou uso correto da máscara fcial, por exemplo.