Pantanal levará 100 anos para recuperar vegetação atingida pelo fogo, aponta estudo
+ Geral
Domingo, 09 Agosto 2020
| GazetaDigital
O Pantanal mato-grossense pode lever mais de um século para se recuperar das queimadas que destróem sua vegetação há dias neste ano. Levantamento do Instituto Centro de Vida (ICV) aponta que 95% dos focos de calor estão concentrados em áreas de vegetação nativa. O bioma, que já registrou 662 focos somente em julho, um aumento de 1.100% em comparação ao mesmo período do ano passado, está em alerta máximo sobre as queimadas, chamando atenção do mundo. Entre os impactos, também está o risco de extinção de animais no bioma, inclusive roedores e a onça -pintada.
Coordenador de Inteligência Territorial do ICV, Vinícius Silgueiro, destaca a preocupação com o fogo sobre a vegetação nativa, que compromete habitats de espécies e a flora. “O fogo traz a pressão para que espécies se desloquem, há o risco de extinção de animais, inclusive da onça-pintada. O Pantanal não é um bioma acostumado a este tipo de incêndio. Não sabemos como vai ser a recuperação”.
Professor da faculdade de Engenharia Florestal da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), Ben Hur Marimon Junior, diz que, junto com todo o problema climático, ainda há pessoas que usam o fogo como ferramenta para abrir novas áreas. Salienta que a sensação de relaxamento de regras e fiscalização estimula queimadas irregulares. O professor explica que a maioria das florestas do Pantanal tem uma camada orgânica espessa e com malha de raiz densa, o que provoca a queima pelas raízes. “Esse fogo subterrâneo pode ficar durante meses queimando e destruindo toda camada orgânica”.
Ben Hur afirma que o tempo de recuperação está ligado ao tipo de impacto do fogo e vai depender do tipo de vegetação. O problema é principalmente a repetição das queimadas. As matas secas podem se recuperar em 30 anos, se o fogo não for muito intenso. “No caso das florestas inundáveis, se queimarem, estiverem secas e num ano muito seco, com o fogo destruindo a camada orgânica e a malha de raízes, com certeza é mais de 100 anos para recuperar”.