O empresário Alan Ayoub Malouf associou o governador Pedro Taques (PSDB) aos atos ilícitos investigados na “Operação Rêmora”. As declarações foram dadas em depoimento prestado ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado) e Naco (Núcleo de Atuação de Competências Originárias) na última sexta-feira.
Malouf confirmou em depoimento que operou o “caixa 2” da campanha de Taques ao Governo do Estado em 2014. Segundo ele, em abril daquele ano foi procurado por Taques que demonstrou sua intenção de concorrer ao Palácio Paiaguás e lhe pediu apoio.
Após a campanha, ele relatou que foi questionado por Taques se queria assumir um cargo no Executivo, mas recusou. Pouco depois, o governador lhe pediu pessoalmente ajuda para pagar despesas de campanha. “No final da campanha, houve um débito de campanha não declarado, sendo que Pedro Taques pediu apoio para este pagamento desse débito, sendo que o interrogando ajudou nessa composição e não se recorda por hora do montante”, diz trecho do depoimento.
Ele confirmou que, entre os doadores das despesas não declaradas, está o empresário Giovani Guizardi, apontado como operador do esquema na Secretaria de Educação. O dono da Construtora Dínamo contribuiu com R$ 200 mil.
Após a posse do governador, Malouf admitiu a existência do esquema na Secretaria de Educação. Ele assinalou que as fraudes foram operadas por Giovani Guizardi, pelo ex-secretário Permínio Pinto e contou com a participação do deputado estadual Guilherme Maluf (PSDB), que é seu primo. Apesar de não tratar diretamente do esquema, Alan assumiu que foi beneficiado com R$ 260 mil.
O dinheiro recebeu das mãos de Guizardi. "Confirma ter recebido o valor aproximado de R$ 260 mil de Giovani Guizardi, sendo em três ou quatro vezes, e que os envelopes contendo dinheiro foram entregues em sua residência ou nas dependências de sua empresa”, relatou.
Malouf voltou a envolver o governador Pedro Taques após a deflagração da “Operação Rêmora”. Preocupado com a prisão de Giovani Guizardi, uma vez que também poderia estar envolvido, ele contou que procurou pelo governador.
Ambos se reuniram no mesmo dia da operação, 3 de maio, no Palácio Paiaguás, na presença do secretário da Casa Civil, Paulo Taques. Segundo o empresário, tanto Pedro quanto Paulo Taques, sabiam que Guizardi havia doado dinheiro para o “caixa 2” da campanha.
Ambos ainda prometeram “dar um jeito” para resolver o problema pelo qual o operador do esquema estava passando.“Que pelo que o interrogando pode observar, não viu qualquer movimento por parte do governador ou de Paulo Taques, mas se recorda que nenhum dos dois demonstrou surpresa pela prisão de Giovani Guizardi”, assinalou.
Ele afirmou ainda que conversou sobre o assunto novamente com Taques após a prisão do ex-secretário Permínio Pinto Filho (PSDB), durante a segunda fase da "Operação Rêmora" denominada de "Locud Delicti". “Tanto na primeira reunião e nas posteriores não demonstrou qualquer surpresa com os fatos e apenas dizia que estava cuidando da questão das prisões de Guizardi e Permínio”, colocou.