Promotor diz que deixou Sesp por Taques não ter demitido envolvidos
O promotor do Ministério Público e ex-secretário de Segurança Mauro Zaque disse, por meio de nota, que deixou o governo Pedro Taques (PSDB) porque o tucano não demitiu as pessoas envolvidas no esquema de espionagem.
Zaque reforça que levou ao governador, em outubro de 2015, a documentação que provava a possível existência de grampos clandestinos sendo operados por agentes públicos ligados ao Executivo, "ao mesmo tempo em que solicitei a exoneração imediata dos possíveis envolvidos”, diz trecho da nota.
Contudo, Mauro Zaque disse que percebeu que Taques não iria exonerar tais pessoas, então decidiu deixar o governo e retornar ao Ministério Público.
“Cumpri com o meu dever de promotor e de cidadão. Não investiguei ou sequer acusei ninguém. Submeti à apreciação de sua Excelência o Procurador-Geral da República para (tomar) as providências que entender pertinentes”, pontuou em outro trecho.
O promotor finaliza a nota dizendo que jamais pactuaria com ações rasteiras covardes “e, por que não dizer criminosas”.
Mauro Zaque concedeu entrevista ao Fantástico, ao qual confirmou que Taques tinha conhecimento de todo o esquema. O programa foi exibido hoje, mas as informações vieram à tona na quinta. No mesmo dia, o ex-secretário da Casa Civil Paulo Taques pediu demissão. Ele é suspeito de envolvimento com a arapongagem.
- Íntegra da nota
- Sobre os últimos acontecimentos, preciso considerar os seguintes pontos:
- 1. enquanto Secretário de Segurança tomei conhecimento da possível existência de grampos clandestinos sendo operados por agentes públicos ligados ao executivo;
- 2. promovi uma checagem inicial e constatei que realmente autoridades, advogados, autônomos, políticos poderiam estar sendo vítimas desse esquema criminoso;
- 3. com documentação probatória, levei os fatos ao conhecimento do Governador Pedro Taques no início de outubro de 2015, ao mesmo tempo em que solicitei a exoneração imediata dos possíveis envolvidos;
- (Solicitar a exoneração daqueles possíveis envolvidos em uma situação criminosa gravíssima como essa, longe de se configurar extorsão, constitui DEVER de todo agente público.)
- 4. ao perceber que o Governador Pedro Taques não iria exonerar tais pessoas, decidi então deixar o Governo e retornar ao MP;
- 5. cumpri com o meu dever de Secretário, de Promotor e de cidadão. Não investiguei ou sequer acusei ninguém. Submeti à apreciação de sua Excelência o Procurador-Geral da República para as providências que entender pertinentes.
- 6. eu jamais me permitiria pactuar com ações tão rasteiras, covardes e, por que não dizer, criminosas (grampear advogados, políticos, etc...).
- Finalmente, tais atos constituem um atentado contra toda a sociedade, devem ser investigados em sua plenitude e responsabilizados os autores com todo rigor.
- Este é um momento sombrio que manchará para sempre a história de Mato Grosso.