O colunista do site da Revista Veja, Augusto Nunes, repercutiu o “bate boca” entre os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso, em sessão plenária da Suprema Corte na última semana. Dando ênfase na fala de Barroso de que Gilmar tem uma “leniência em relação a criminalidade do colarinho branco”, Augusto Nunes levantou a possibilidade de que o ministro matogrossense pode ser citado em colaborações premiadas, especialmente as do ex-governador Silval Barbosa (PMDB) e do ex-deputado estadual José Riva.
A discussão entre Gilmar Mendes e Barroso envolveu até o Estado de origem de ambos. Ao citar o Rio de Janeiro, onde o ex-governador Sérgio Cabral e outros integrantes de seu Governo estão presos, Gilmar ouviu de Barroso. “Vossa excelência deve achar que é Mato Grosso, onde está todo mundo preso”, disparou.
O matogrossense de Diamantino rebateu e ambos seguiram a discussão, com Barroso acusado Mendes de ser complacente com os acusados de corrupção. Já Gilmar, acusou o “colega” de ter votado por soltar o ex-ministro do governo Lula, José Dirceu (PT).
Em análise, Augusto Nunes, que também apresenta o programa O Livre em Mato Grosso, citou as diferenças entre Barroso e Gilmar. Em relação ao mato-grossense, apontou sua estreita relação com Riva e Silval.
Para o colunista, a relação entre o trio não se restringiria apenas a uma amizade. “Além de contemplar Silval com sucessivas demonstrações de amizade, Gilmar libertou José Riva com um habeas corpus”, diz Augusto Nunes.
Em seguida, ele lembrou que as delações de Silval e Riva estão apenas no início e podem envolver muitos figurões, inclusive do Judiciário. “Os dois corruptos mato-grossenses só começaram a contar o que sabem. Logo estarão tratando de bandalheiras que envolvem o Poder Judiciário. É certo que as incontáveis patifarias não se limitam à primeira instância”, assinala.
VENDA DE UNIVERSIDADE
Em Mato Grosso, o Ministério Público investiga a venda de uma faculdade particular da família de Gilmar Mendes para o Governo do Estado. A antiga Uned se transformou num campus da Unemat.
A Uned foi adquirida pelo Estado por R$ 7,7 milhões. O promotor de justiça Daniel Balan Zappia, que instaurou a investigação, alegou que a incorporação da instituição de ensino superior privada foi feita sem o planejamento orçamentário, e os recursos necessários para sua manutenção.
O promotor também suspeita da negociação ter sido discutida com o Poder Executivo Estadual, que na época era chefiado pelo ex-governador Silval Barbosa, e não diretamente com a Unemat, que possui personalidade jurídica e orçamento próprio para definir suas políticas de gestão. O processo foi conduzido pela Secretaria de Administração só foi viabilizado após uma dotação extraorçamentária de R$ 8 milhões em favor da Instituição de Ensino Pública de Mato Grosso.