Considerado um dos políticos mais experientes do Estado, o deputado federal Carlos Bezerra (MDB) prevê “dias difíceis” para o governador Pedro Taques (PSDB) no primeiro semestre deste ano. O motivo é a “CPI das Pedaladas” criada na Assembleia Legislativa para investigar o desvio de finalidade do Fundo de Transporte e Habitação (Fethab) e Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb).
Em entrevista a Rádio Capital FM na última semana, Bezerra disse a CPI pode trazer “efeitos” ao governador. Inclusive, insinuou que existe nos bastidores articulação para afastar o chefe do executivo do cargo.
Neste caso, quem assume o cargo é o vice-governador Carlos Fávaro (PSD), que tem o nome colocado para disputar o Palácio Paiaguas em outubro deste ano. “A notícia é que tem um grupo trabalhando para o vice-governador assumir e ser candidato a reeleição. Isso também está sendo conversado por algumas pessoas”, disse o presidente do MDB em Mato Grosso.
A declaração de Bezerra é semelhante a do senador Wellington Fagundes (PR) há alguns dias. Na ocasião, o republicano declarou que Carlos Fávaro havia procurado os partidos de oposição em busca de apoio para eventual candidatura ao Governo, admitindo até a possibilidade de assumir o Palácio Paiaguas.
“Ele nos procurou dizendo que gostaria de ser candidato. Se assumisse, disse que não abriria mão. Agora, a condição dele assumir, cabe a ele responder”, disse Fagundes.
Apesar de ser da oposição, Bezerra classifica a situação política do chefe do executivo como “ruim”. Segundo ele, a dificuldade prejudica o Estado e a população. “A situação é ruim também pro Estado, porque coloca o Estado numa situação ruim, política e administrativamente”.
REINADO DE TRAIÇÕES
Carlos Bezerra disse que Taques vive uma situação complicada com sua base de sustentação. Ele chegou a afirmar que “está com pena” do chefe do executivo, por conta das traições que vem sofrendo nos últimos tempos.
“É um reinado de traição inédito em Mato Grosso. Sempre há traição no último ano de governo, algumas abandonam o barco. Mas não uma manobra tão grande como tenho visto ultimamente. Inclusive, na Assembleia, onde uma CPI está em andamento e pode ter efeito logo”.