O presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), Eduardo Botelho (PSB), alvo da ‘Operação Bereré’, deflagrada na última segunda-feira (19), se defendeu as acusações contra ele. O parlamentar admitiu que cometeu um erro ao demorar para sair da empresa e que sabia que havia algum tipo de problema quando o ex-governador Silval Barbosa colocou alguém dentro da sociedade.
“Quero dizer o seguinte: participei realmente de uma empresa, declarei no imposto de renda. Não tem nada obscuro deste contrato, tudo está declarado. Entrei neste contrato em setembro e sai, de fato, em julho de 2012, quando não recebi mais nada. O contrato, pelo que entendi, não tinha nada de ilegal. Era uma prestação de serviço que vinha sendo feita no Brasil inteiro, entramos como investidores”, afirmou o deputado.
Botelho ainda afirmou que o contrato começou a ter algo de ilegal quando o governador Silval Barbosa entrou na questão: “Quando entrou o governo Silval, houve pressão muito grande e parte desta empresa foi passada para um representante do ex-governador, como consta na delação. Isso está no contrato social. Era algo em torno de 30%. Comecei a me sentir mal com isto, e no fim de 2011 comecei a discutir a minha saída da empresa. Sabia que estava errado, não estava me sentindo bem”.
“Infelizmente eu demorei a sair, foi um erro que cometi em minha vida. Isso veio me atormentando há um tempo. Sou empresário há 30 anos, e fiquei menos de dois anos nesta empresa. Foi uma mancha eu ter entrado. Quando entrou este pessoal, deveria ter saído no mesmo momento. Isto está trazendo transtornos para mim e meus familiares”, acrescentou Botelho.
O presidente da ALMT reafirmou que o maior erro foi não ter saído no primeiro momento, já que percebeu que havia algo de errado: “Quando passamos para o Toninho, já era propina. Este foi o erro que teve, eu tinha que ter saído naquele momento e demorei sair. Na época, houve uma pressão que ia acabar o contrato. Sabia sim o que era esta transação”.
Botelho ainda nega que seja um dos líderes da organização criminoso, como foi apontado na denúncia. Acrescenta que nunca participou de conversas com os acusados sobre o fato e que politicamente não foi e nem será afetado com isto. Isso porque o mandato dele começou em 2015 e os fatos correspondem a quando ele não tinha vínculo político algum.
“Não temo ser afastado, sai da empresa em 2012. Não era deputado, filiado a partido, nada. Nunca estive à frente da empresa. Na delação não tem citação de nenhuma discussão comigo. Entrei como investidor, fui convidado e nada mais. Pretendo continuar com a cabeça erguida e fazendo uma boa gestão. Se eu vou continuar ou não, é uma decisão que vou analisar com minha família”.
Por fim, Botelho comenta que “recebi apoio de todas as pessoas que me conhecem e sabem da minha índole. Não nasci com essa empresa, não é R$ 3 milhões de lá que fez tudo o que eu tenho. Não sou um cara ganancioso por dinheiro. Procure as pessoas que me conhecem, elas sabem do meu caráter e minha origem”.
Bereré
Durante a operação, mandados foram cumpridos na Assembleia Legislativa de Mato Grosso e na casa de Savi e Eduardo Botelho (PSB). O ex-deputado federal Pedro Henry é alvo também. O presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, Eduardo Botelho (PSB), é outro investigado.
A ação é um desdobramento da colaboração premiada do ex-presidente do Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso (Detran-MT), Teodoro Lopes, o “Doia". Dentre as informações prestadas por Doia, consta suposto esquema de cobrança de propina com uma empresa que prestava serviços de gravame - um registro do Detran.
Segundo o Gaeco, as investigações tiveram início na Delegacia Especializada em Crimes Contra a Administração Pública e Ordem Tributária (DEFAZ), sendo que as medidas cautelares foram requeridas pelo NACO Criminal (Núcleo de Ações de Competência Originária) do Ministério Público Estadual e estão sendo cumpridas em Cuiabá, Sorriso e Brasília-DF, pelo GAECO (Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado) e Polícia Judiciária Civil, com apoio da Polícia Militar, por meio do BOPE.
Estão envolvidos no cumprimento da ordem judicial uma força tarefa com aproximadamente 200 integrantes, dentre Policiais Civis, Policiais Militares, Delegados de Polícia e Promotores de Justiça.