Promotores de Justiça e delegados que compõem o Grupo de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) bem como a Delegacia Fazendária (Defaz) deram início na manhã desta sexta-feira (23) às oitivas das testemunhas convocadas no inquérito da Operação Beberé. Ao todo, 240 pessoas foram intimadas para prestar depoimentos e explicar os motivo de seus nomes terem surgido nas investigações do esquema de cobrança de propina no Departamento Estadual de Trânsito (Detran-MT).
A investigação apura o pagamento de propina em troca da manutenção de um contrato firmado pela autarquia com as empresas Eig Mercados (antiga FDL Serviços de Registro, Cadastro, Informatização e Certificação de Documentos) e Santos Treinamento e Capacitação Pessoal. Ambas são apontadas como de fachada.
A tarefa dos investigadores será questionar os beneficiários de cheques e transferências bancárias feitas pelos sócios da empresa de fachada usada, de acordo com o Gaeco, para lavar o dinheiro desviado. Dentre as 240 pessoas que serão ouvidas estão servidores do Detran, da Assembleia, empresários e pessoas que de alguma forma receberam cheques oriundos do esquema.
Pela manhã, várias pessoas compareceram ao Gaeco acompanhadas de advogados. Dentre elas, estão servidores, empresários. Não são pessoas públicas e, portanto, desconhecidas na imprensa. Elas não quiseram falar nada com a reportagem do Gazeta Digital.
O empresário Rômulo Botelho, irmão do deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa, Eduardo Botelho (PSB), integra o rol das 240 testemunhas intimadas. Ele compareceu ao Gaeco, foi ouvido e liberado e também não quis fazer qualquer comentário sobre sua ida ao Gaeco.
Algumas servidores do Detnra e Assembleia. A maioria são destinatários de cheques ou pessoas que trocaram os cheques. Algumas pessoas intimadas não sabem direito que está acontecendo e só receberam pequenas partes dos valores desviados do Detran.
A operação teve início a partir de informações divulgadas na delação do ex-presidente do Detran, Teodoro Lopes, o Dóia.
Ele apontou que a empresa que registra financiamento de contratos de veículos para o primeiro emplacamento, a EIG Mercados Ltda, antiga FDL Serviços de Registro, Cadastro, Informatização e Certificação de Documentos Ltda. cobrava uma taxa entre R$ 140 e R$ 400, ficava com 90% do valor e repassava 10% ao Detran.
O esquema lucraria cerca de R$ 1 milhão ao mês.Entre os alvos da investigação estão o presidente da Assembleia Legislativa, Eduardo Botelho, o deputado estadual Mauro Savi e ex-deputado federal Pedro Henry.