Blairo está dividido entre Ministério ou candidatura ao governo estadual

Por mais que evite comentários publicamente, preferindo trabalhar nos bastidores, Blairo Maggi avalia dois caminhos, cuja escolha se dará em janeiro. Ou aceita novo convite da presidente Dilma Rousseff para assumir o ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior ou entra na disputa, pela terceira vez, à cadeira de governador. Tudo está sendo bem analisado pelo empresário, senador e ex-governador por 7 anos e 4 meses. As duas possibilidades são tentadoras e interessam a Blairo. Senão, vejamos: 

Ministério - Sobre integrar o primeiro escalão do governo petista não haveria qualquer dificuldade porque a insistência vem do próprio Palácio do Planalto. Dilma vai à reeleição e precisa de um empresário como Blairo para se reaproximar dos segmentos do agronegócio e, de quebra, ainda atrairia o PR por inteiro. Ela admitiu para o próprio ex-governador que enfrenta desgaste com estes setores, sem os quais acha difícil ganhar novo mandato. Entende também que o agronegócio, responsável por mais de 30% do Produto Interno Bruto, com um movimento de R$ 950 bilhões, tem sido a principal engrenagem que empurra o bom desempenho da economia brasileira e, mesmo assim, não se sente representado nos ministérios. Primeiro, porque não tem um ministro com identificação com o segmento e, segundo, por não haver pasta específica, não sabendo se recorre à Agricultura, Pecuária ou Abastecimento ou ao ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

Blairo, que passa a semana em Gramado (RS), fazendo um check-up e refletindo sobre seu futuro político, pediu dois meses de prazo, ou seja, até janeiro para dar resposta ao Planalto. Uma de suas preocupações é se, uma vez se tornando ministro, não haveria conflito de interesse entre seus negócios empresariais do Grupo André Maggi, do qual é um dos acionistas.

Candidatura – O ambiente é favorável a Blairo em todos os sentidos. É o nome que lidera as intenções de voto, tem apoio da classe política e de vários segmentos que, inclusive, vêm fazendo manifestações para convencê-lo a ser candidato ao Palácio Paiaguás. Embora com excesso de otimismo, blairistas sustentam também que ele fez “boa gestão”, portanto, a campanha “Volta, Blairo” poderia ganhar respaldo ao ponto de levá-lo à vitória no primeiro turno, mesmo vislumbrando o adversário difícil, senador Pedro Taques (PDT), que lidera o bloco de oposição.

A eventual candidatura de Blairo anularia possíveis adversários, inclusive trazendo-os para o palanque, como o primo Eraí Maggi (PP), o juiz federal Julier Sebastião da Silva (sem partido e com um pé no PT) e velhos aliados em outras legendas, entre eles Adilton Sachetti e Mauro Mendes, no PSB, e Luiz Antonio Pagot, no PTB. Teria também apoio do PT, incluindo o governo Dilma e o ex-presidente Lula. Aglutinaria forças anti-Taques, que, por ser considerado linha dura e daqueles que não abrem concessões em nome da ética, honestidade e moralidade pública, ganhou respaldo popular, mas alguns segmentos estão temerosos com sua possível chegada ao poder.

Se será ou não candidato, Blairo tomou algumas decisões que servem de senha para em breve dizer “sim” ao projeto majoritário. Em 2002, ele resistiu entrar na disputa até 3 meses do pleito. Surgiu, então, como “salvador da Pátria”. Ganhou no primeiro turno. Em 2006, também dizia que não concorreria à reeleição. Depois encarou as urnas e venceu também no primeiro turno. Agora, afirma que está fora, mas, na retaguarda, montou até um grupo com integrantes de segmentos organizados e do meio político para discutir a nova candidatura. Já orientou o governador Silval Barbosa (PMDB) a não renunciar ao mandato para, assim, facilitar as composições políticas e concorrer com apoio da máquina. Também incentivou aliados a se lançar desde já pré-campanha a governador, como Maurição Tonhá (PR) e Eraí Maggi, sabendo que não iriam "decolar", para, propositalmente, surgir de última hora como "a melhor alternativa de candidatura do grupo".