Apesar da atual queda das cotações internacionais de commodities agrícolas como milho, soja e trigo, ainda é "altista" a tendência para os preços de produtos agrícolas e de outros recursos naturais no comércio mundial nos próximos anos - e existem riscos que têm de ser monitorados. A avaliação é da Organização Mundial do Comércio (OMC), que lançou ontem o "Relatório Mundial do Comércio 2014" diante de representantes de seus 160 países-membros.
Preços de alimentos, energia, metais e minerais dobraram desde 2000. Mesmo que as cotações tenham recuado após alcançarem níveis historicamente elevados, a forte demanda de economias emergentes alimenta perspectivas de que o cenário de preços altos vai perdurar no futuro próximo, de acordo com a OMC. Mas Roberto Azevedo, diretor-geral da entidade, observou que "há sempre riscos de reversão, e já estamos vendo algumas dessas [reversões] no setor de energia".
Os países em desenvolvimento aumentaram sua fatia nas exportações globais de alimentos de 27% para 36% desde 2000. Mas barreiras como tarifas elevadas e subsídios continuam a afetar essas vendas, e medidas não tarifárias têm um papel cada vez mais importante para restringir esse comércio.
Os desafios e oportunidades originárias de altos preços de commodities variam conforme o país. Em vários exportadores, o setor agrícola é importante em termos de emprego, produção e consumo. Isso ilustra a importância da agricultura nas estratégias de desenvolvimento. Ao mesmo tempo, preços elevados trazem desafios para importadores de alimentos.
Conforme a OMC, o comércio de produtos de base tem aumentado fortemente - não apenas em valor, mas também em volume. Mas alerta que impactos sociais e ambientais da extração de recursos naturais, assim como da diversificação econômica, continuam a ser desafios importantes.