Pecuária é mais rentável quando tem o foco na intensificação da produção
+ Agronegócio
Quinta, 27 Setembro 2018
| OlharDireto
De um lado a população mundial cresce e do outro, a área de produção de alimentos de origem animal, como a carne bovina é cada vez menor. Há quem diga que o Brasil passará de 181,7 milhões de hectares (ha) de pastagens, número registrado em 2011 para 176,3 milhões em 2022, perdendo assim 2,97% de área de pastagens. Diante deste panorama, a solução é intensificar a produção da pecuária investindo em setores como estação de monta, suplementação das matrizes, tipo de manejo e genética.
Independentemente do tamanho da propriedade, o maior desafio é a obtenção da lucratividade, capaz de remunerar os custos, assegurar novos investimentos e garantir a qualidade de vida do pecuarista. A intensificação pode ser definida como racionalização do uso dos recursos limitantes no processo de produção. E é claro que não existe receita certa para um sistema de produção ideal, pois cada propriedade e cada região possuem suas particularidades que devem ser levadas em consideração no processo de intensificação. Diante disso, é importante ter o auxílio de um profissional para elaborar a receita adequada para cada propriedade.
Porém há alguns fatores importantes que devem ser ressaltados e valem para todos os que pretendem intensificar sua produção. Uma dica é que o proprietário deve ter um elevado nível de envolvimento com o sistema de produção ou ter uma pessoa de confiança que assuma tal papel com autonomia e excelência. Os funcionários devem ser treinados para essa nova forma de produção.
A localização da propriedade também é importante, pois a compra de insumos e a venda de produtos apresentam alta correlação com o resultado financeiro. É necessário realizar um estudo que liste os principais insumos que serão utilizados na propriedade para, a partir daí, levantar a distância das principais empresas que realizam a comercialização destes produtos, além dos possíveis clientes. Todas essas informações servirão como base para uma negociação, onde se pode reduzir o custo de produção melhorando as vendas e aumentando a margem de lucro do produtor.
Estação de monta é outro ponto que os pecuaristas que optam por intensificar a produção pecuária devem ficar bem atentos. Nos últimos anos, têm crescido a utilização de técnicas de reprodução programada, principalmente para gado de corte. Especialistas nesta área apontam o manejo sanitário, nutricional e separação dos lotes como pontos importantes. Os exames andrológico e de libido dos touros devem ser realizados 90 dias antes do início da estação de monta. Estes testes avaliam a capacidade reprodutiva dos animais e reduzem em até 30% a utilização de touros inférteis no rebanho. Já nas fêmeas, deve ser realizada a avaliação por ultrassonografia, principalmente em novilhas, para verificar a condição do aparelho reprodutor. O exame deve ser feito entre 60 e 90 dias antes do início da estação.
O pastejo deve permitir a maximização da produção animal sem prejudicar em nenhum aspecto as pastagens. Ao pensar em intensificar a produção, as divisões de pastagens devem ser o primeiro passo observado na propriedade, pois tem o intuito de maximizar o aproveitamento das forragens. Para que seja feito um trabalho de redimensionamento da fazenda é importante que se tenha os mapas que irão ajudar a definir os pontos de divisão atrelados à água e cocho, além de se obter a real dimensão da propriedade e, consequentemente, do valor a ser investido e seu potencial de produção.
A suplementação também é uma ferramenta de intensificação. O objetivo dela é melhorar a conversão alimentar de animais em pastagens, encurtar ciclos reprodutivos, reduzir ciclos de crescimento e engorda e aumentar a capacidade suporte dos sistemas produtivos. Isso aumenta a eficiência de utilização das pastagens e supre a deficiência de nutrientes encontradas nelas nas diferentes épocas do ano, assim gerando um incremento na produtividade. Essa prática deve estar alinhada a uma meta estabelecida de produção, ao fluxo de caixa da propriedade, ao clima regional, para então analisar se existe a viabilidade econômica e definir qual o nível de suplementação, período e categorias que irão receber.
Porém, é importante analisar os custos de investimento com instalações, máquinas e os custos elevados com ração concentrada e volumoso servidos no cocho, mão de obra específica e disponibilidade de insumos na região. A sugestão é que a intensificação de sistemas de gado de corte seja feita primeiro numa pequena propriedade, ou em uma área de pelo menos 20% da propriedade. Essa área servirá de aprendizado para todos os envolvidos no processo e deve ser preferencialmente a melhor da propriedade, a fim de reduzir custos com correção e adubação nos primeiros 12 meses. Nos anos que seguem o processo de intensificação, será implantado em toda a propriedade, porém o nível de crescimento estará atrelado à capacidade de investimento do produtor, podendo ser completa já no segundo ano ou crescente de acordo com seu fluxo de caixa e geração de renda com o próprio sistema.