Queimadas aumentam e “El Niño” pode chegar a MT, diz Sema
Mato Grosso está em estado de alerta devido à falta de chuva, o aumento dos focos de calor e das queimadas e a baixa umidade relativa do ar. A situação, porém, tende a piorar com a possibilidade de chegada do fenômeno chamado de "El Niño" ao Estado.
O alerta foi feito pelo secretário executivo do Comitê do Fogo da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), Hector Péricles.
Caracterizado por um aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico na região tropical, o El Niño pode afetar o clima regional e global.
Os principais efeitos, segundo o secretário, são mudanças dos padrões de vento, com reflexões, sobretudo, sobre os regimes de chuva em regiões tropicais e de latitudes médias.
Conforme Péricles, a situação do Estado tende a piorar com a chegada do fenômeno, caso o índice de queimadas não diminua.
O secretário afirmou, ainda, que caso a população não se conscientize, o Corpo de Bombeiros não poderá suportar a demanda.
“Se as pessoas continuarem a atear fogo, como estão fazendo direto, o Corpo de Bombeiros não vai dar conta da demanda, pois as equipes estão presentes em apenas 17 municípios do Estado. Então, imagina a situação que vai virar se esse fenômeno chegar aqui”, disse.
“O Estado está todo em alerta. Qualquer lugar está sujeito a pegar fogo e se essas condições continuarem a se intensificar, com a chegada do fenômeno El Niño, a situação vai piorar e não teremos condições de atender todas as chamadas”, completou.
Segundo o secretário, foram registrados, desde domingo (16) até ao começo da tarde de segunda-feira (17), 400 focos de calor em todo Estado.
Esse número é bem maior do que os registrados no começo do mês de junho, quando os registros apontavam de 20 a 25 focos diários de calor.
De janeiro a agosto de 2015, já foram registrados 9.012 focos de calor no Estado, valor menor que no mesmo período do ano passado, que teve 9.943 focos. Isso, porém, não diminui a gravidade da situação, segundo o secretário.
“Esses números não são pouca coisa. Estamos apelando para o bom senso das pessoas em relação às queimadas, até porque a umidade do ar está bem baixa”, disse.
Umidade do ar
Com a umidade do ar baixa em todo o Estado, a Superintendência de Proteção e Defesa Civil de Mato Grosso emitiu um alerta à população quanto aos cuidados com a saúde.
No Estado, a taxa está em 18%. O menor índice é o registrado em Cuiabá e Várzea Grande, que já chegou a 14%.
Entre os principais efeitos da baixa umidade do ar estão problemas respiratórios, desidratação e aumento de infecções.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estabelece o índice acima dos 60% como ideal para a saúde humana e abaixo dos 30% como não adequado.
Conforme classificação, entre 21% a 30%, o estado é de atenção; de 12% a 20% de alerta e abaixo dos 12% de emergência.
Período proibitivo
O período proibitivo para as queimadas teve início no dia 15 de julho e segue até o dia 15 de setembro, podendo ser prorrogado em razão das condições climáticas.
Nas áreas rurais, utilizar fogo para limpeza e manejo nas áreas é crime passível de 6 a 4 anos de prisão, com autuações que podem variar entre R$ 7,5 mil ou R$ 1 mil (pastagem e agricultura) por hectare.
Nas áreas urbanas o uso do fogo para limpeza do quintal é crime o ano inteiro.
As denúncias podem ser feitas na ouvidoria da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema): 0800 65 3838, no 193 do Corpo de Bombeiros ou diretamente nas secretarias municipais de Meio Ambiente.