ARTIGO: Cinema no Barracão: Lazer, Educação, Possibilidades e Ações

Um evento com pouco mais de 30 pessoas. Esse foi o público presente no Salão Grand Café, em Paris, datado em 28 de dezembro de 1895, onde os irmãos Lumière fizeram uma apresentação dos seus produtos inventados, no qual recebeu o nome dado por eles como Cinematógrafo. Como toda invenção, não sabiam eles que este dia ficaria marcado na história para se referenciar ao que conhecemos como Cinema, nasceria ali, uma indústria milionária, com seus atores, diretores, equipes, efeitos e marcos, podendo levar emoções, aventuras e risos há milhões de pessoas nos dias de hoje. O filme exibido naquela tarde foi L’Arrivée d’un Train à La Ciotat‘ (A chegada de um trem em La Ciotat) irmãos Lumière.

Desta-se que o cinema nasceu de várias inovações que vão desde o domínio fotográfico até a síntese do movimento utilizando a persistência da visão com a invenção de jogos ópticos.

 A sétima arte como é conhecida mundialmente, é considerada por muitos a arte mais mágica, pelo seu poder sobre as emoções humanas. O cinema inspira milhões de pessoas, assim como as faz sonhar, rir, chorar e gritar de medo a qualquer altura do dia. Sem o cinema o mundo não seria certamente o mesmo.

 E com toda essa mágica que o cinema leva e deixa nas pessoas, ela também leva à mensagem crítica de um certo tempo, uma certa história ou caso real ou não. Algo notável acontecendo na sociedade, ou uma mesma sociedade vivenciando o passado, e logo vem imagens e lembranças atordoadas como guerras e sofrimentos. Mas também nos leva à um futuro inimaginável, algo exuberante, ou para um tempo onde as coisas podem não mais existir.

 E, pegando uma carona junto às imagens de um futuro, mas não querendo fugir do presente, traremos o mundo do cinema com tudo a que temos direito como pipocas e refrigerante para todo público, crianças, jovens e adultos, assim fazemos a pergunta: O QUE O CINEMA CONTRIBUI PARA À EDUCAÇÃO?

 Sábio mesmo diria que só vendo para crer. Mas o fato é que há muita contribuição. Talvez o maior bem que o cinema leva para junto da educação, é a própria pronuncia do Educativo, contribuição para a formação de um ser crítico, sonhador.

Vem sendo de grande relevância o estudo do cinema inserido no meio educacional, pois, este pode e vem sendo usado como recurso didático em sala de aula, despertando um novo interesse de pesquisadores sobre esses os novos artefatos pedagógicos que estão disponíveis em casa e na escola fazendo parte da formação de identidade de crianças, jovens e adultos que vivenciam o advento das novas tecnologias e da cultura midiática.

 Fazendo acontecer, e funcionando como laboratório cultural, inclusão social, este último uma necessidade para muitas cidades brasileiras, e realidade para uma Comunidade como a Nova Jangada, 08 km da Sede de sua cidade, Jangada – MT e à 89 km da capital Cuiabá, local este onde se desenvolve um projeto não com uma estrutura de Hollywood, e seus atores fantásticos e multimilionários, onde o público tem logo ali a vivencia e habitat dos melhores cinemas do Brasil, mas com a certeza que não existe diferença na alegria do seu público em assistir um filme em um Barracão da Comunidade, sentados em cadeiras de plásticos e até mesmo em um tapete vermelho. A imagem é boa, pois há uma bondade em um jovem que se comprometeu em baixar filmes em sua casa, em alta definição, e o público adorou, onde em algumas vezes na mais gostosa humildade disseram que até parece sair do TNT. A Tela, o que dizer, não é aquela de 8 x 10, de lona esticada e profissional, mas sim 2 x 3, material TNT, isso mesmo, a ainda colado na parede. O Projetor é emprestado da escola local, pois a equipe não detém de recursos para sua compra. E quem disse que o público fica sem pipoca. Este é feito pela própria equipe, um vez na casa de uma, outro na casa da outra, e ainda acompanhado pelo suco, podendo ser de laranja, acerola ou maracujá, escolhido pela plateia. O Público, crianças, jovens e adultos da comunidade, na maioria criança, sendo à média de 50 pessoas por sessão. E este uma vez por semana, aos domingos ao anoitecer, pois a luz do dia impede a visão. Acredite, é contagiante a alegria desse público que sabe que ao final do domingo tem um filme de aventura, comédia ou infantil no Barracão da Comunidade, com pipoca e suco. O que dizer daqueles que levam seus pequenos irmãozinhos de bicicletas, e ainda ver outros que levam amigos e vizinhos na mesma bicicleta para ver os filmes. E quem disse que eles também não escolhem os filmes? E ainda são exigentes dentro da bondade e alegria de ser criança.

Bom seria encontrar os Irmãos Lumière, e ouvir o que diriam dessas artimanhas e alegria dessa turminha. O fato é que o consumo de filmes em casa ou na escola faz parte da formação cultural de cada indivíduo. O presente semblante critico dos jovens e principalmente das crianças é muito forte, pois de forma simples como é desenvolvido este projeto, elas levam para sua casa tudo o que viu, tudo que se falou, o que foi mais engraçado ou mais triste. A magia já mencionada acima é mágica, pois automaticamente é desenvolvido o que seria obrigatório pelo poder público, a inclusão social, o lazer.

Lembrar que deveria ser do poder público esta iniciativa, é no mínimo deixar o tempo passar mais rápido, pois não é só neste local a carência de movimentos como este, e sempre ouvir que por se tratar de uma cidade pequena ou sem fundos de recursos para isto, este ou aquilo, e presenciar nossas crianças sem lazer ou ver que isso acontece somente em grandes cidades, é triste e dolorido. Façamos a pergunta: Qual pai ou mãe não quer dar ao seu filho, o que a ele não veio na sua infância.

Humano. Sim, HUMANO em maiúsculo. É preciso tocar os corações das pessoas, mostrar que a sociedade é feita por humanos fortes, capazes de mudar o mundo. Deixar um pouco o “quero para mim”, e dizer “quero que nós”, dividir o trabalho, a responsabilidade, e logo o resultado. Deixar de ficar esperando o outro, e dar a iniciativa.

Ainda na linha do projeto acima, é possível trabalhar essas crianças dentro das salas de aulas, fazendo com que elas desenvolvam algo referente ao que elas viram, o que acham, o porquê daquilo, e que também poderiam desenvolver teatros ou apresentações com tudo isso.

É imenso esse campo, essa junção Cinema e Educação. A sociedade vem sofrendo sensíveis transformações que se refletem diretamente na vida cidadã e por consequência na educação. Tais transformações envolvem uma vasta gama de informações ao acesso de crianças, jovens e adultos, informações que se espalham de forma quase simultânea por todo o mundo por diversos mecanismos tecnológicos criando novos ambientes educacionais que não sejam exatamente o espaço escolar.

O Brasil detém uma vasta galeria de atores, autores e temas que estão fazendo historias diariamente. Dentro dessa perspectiva a escola já não é mais o único local de aprendizagem e nem o professor o único detentor do conhecimento ou da informação, aspecto esse que revela a necessidade de uma ação pedagógica associada aos muitos canais de comunicação existentes no cotidiano dos alunos, dentre os quais se inclui o cinema. Não se pode mais esconder dos alunos o que esta escancarado nos jornais, televisões, na cidade, no estado, no país e no mundo.

Entende-se então que, se o cinema está presente na vida dos jovens, ele não pode ser desconsiderado e simplesmente abolido do sistema educativo, principalmente porque se consolida como um forte elemento politizador.  Tomando como base esse contexto, defende-se a idéia de que a experiência do cinema seja aproveitada na escola. No entanto, isso não pode se dar sem que seja realizada uma ampla contextualização a respeito de como esse recurso conquistou o seu espaço na sociedade contemporânea.

 Acredita-se que a idéia de cinema nasceu a partir da necessidade do homem em se expressar.  É fato que esta idéia evoluiu ao longo dos anos, o que permitiu que este se tornasse um potente meio de comunicação e expressão. Evoluções que dizem respeito tanto ao aperfeiçoamento da técnica, como também de conteúdo. Entretanto, é preciso ressaltar uma característica essencial: o cinema dos primórdios trabalhava com idéias reais, enquanto o cinema contemporâneo trabalha com a ficção, e uma de suas características, segundo Chauí (2002), é tornar próximo o que está ausente.   Contudo, sua função primordial ainda é o entretenimento, sendo o prazer encontrado pelos indivíduos, o aspecto relevante que aproxima o espectador da imagem em movimento.

 Autores como Peter Jeckson, Steven Speilberg, James Cameron, George Lucas, e o grande e eterno Charles Chaplin, já foram apresentados neste projeto. O que dizer dessas pessoas que das suas mentes saíram filmes inesquecíveis. E falando dos filmes, não podemos deixar de mencionar os atores como: Nicolas Cage, Brad Pitt, Will Smith, Adam Sandler, Julia Roberts, Jim Carrey, Tom Cruise, Denzel Washington, Tom Hanks, Al Pacino, Johnny Depp, Morgan Freeman e Cia. Poder levar essa galera toda, esse mundo milionário para uma Comunidade de pouco mais de 500 pessoas, é fantástico.

 Rotineiro já ficou, e é sempre esperado uma sessão aos domingos às 18:00 horas no barracão. Na impaciência de criança, elas recorrem na residência procurando qual será o próximo filme, ansiosas e também solicitando alguns. É claro em seus semblantes e expressões, as opiniões próprias sobre aquelas imagens, aqueles contos ou histórias que assistiram. O Respeito pelo amigo em poder dividir o tapete que juntos fazem de poltrona, o silencio e atenção que se manifesta é notável.

Talvez esse seja o primeiro passo para que muitos sejam dados, junto a um lugar carente possa ser iniciado outros projetos, e que não seja passageiros ou propagandeiros de oportunidade. Que sejam contínuos.

Quando falamos do ser humano, falamos de pessoas que ali estão inseridos, das pessoas que vivenciam o ente publico, o privado ou outra coisa. Pessoas estão deixando de ser Humanos. Estão deixando de saudar as outras. É preciso mudar, resgatar o que há de bom nos corações dessas Pessoas, e fazer mais do que dar o bom dia e só. Entra em sua casa e achar que o mundo é só você, sua televisão, celular de ultima geração e pronto. Basta ligar a mesma televisão ou noticias pela internet, que será visto a desigualdade que avança sobre o mundo. Noticias sobre guerras, drogas, pessoas se explodindo, pessoas passando fome e sede, e pouca noticia feliz. Aliás, tem como ficar feliz sabendo de notícias assim. O próprio homem se destruindo, o próprio homem fazendo outros sofrerem. É lamentável.

Pouco. Pouco é o que fazemos a outras pessoas. Sabemos que podemos mais. Desenvolver coisas legais teremos que chamá-los de Projetos ou coisa parecida, então que venham os Projetos, dar um pouco mais da gente, fazer outras pessoas se sentirem felizes por alguns instantes. Esquecer a diferença entre vizinhos, por que diferenças não existem mesmo. Sejamos mais solidários. Deixar uma criança sonhar com seu futuro, imaginar ela daqui a 10, 20, 30 ou 40 anos, um profissional que poderá te atender, atender outras e outras pessoas.

E então chegamos a esta pergunta: O que você pode fazer a outras pessoas hoje?