Trabalhadores dos Correios entram em greve após morte de colega
Os funcionários da área operacional dos Correios, em Várzea Grande, deflagraram greve e cruzam os braços a partir de terça-feira (28). A medida é contra o que eles classificam como “descaso” e situação de “insalubridade” que vitimou Celso Luis, servidor do órgão.
Celso teve morte cerebral confirmada e foi vítima de neurocriptococose, doença contraída por vias respiratórias, ao "inalar" fungos encontrados nas fezes de pombos. Ele se encontra internado no Hospital Santa Rosa há 15 dias.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios de Mato Grosso, Edimar Leite, a situação na Central de Distribuição em Várzea Grande está insustentável devido ao ambiente insalubre e tomado pela sujeira.
Centenas de pombos convivem diariamente com os trabalhadores da área operacional e muitos deles já foram “vitimas” das fezes dos animais. Além dos pombos, ratos e escorpiões também infestam o local, segundo Edimar.
Atualmente, a área operacional conta com 150 trabalhadores, responsáveis pela separação e triagem de cartas e encomendas. Com a greve, aproximadamente 50 mil encomendas deixarão de ser entregues.
“O prédio tem uma estrutura que permite não só a entrada dos pombos, como também a proliferação deles. Tem vários ninhos lá. Tem fezes no chão, nos bebedouros e se o funcionário não ficar atento, os pombos cagam na cabeça da gente. Não tem como trabalhar nessas condições”, disse.
Desde 2013, segundo o presidente, o sindicato reclama para a Diretoria Regional sobre os problemas, mas até hoje a única solução apresentada foi a instalação de cortinas em apenas quatro das 32 portas.
“Isso não resolve. Os pombos entram na caixa do ar-condicionado, no bebedouro, não tem um lugar livre deles. Chegamos ao ponto de um trabalhador, pai de família, estar internado há 15 dias e nenhuma providencia foi tomada”, afirmou.
Além de reclamações feitas diretamente a Diretoria Regional, o sindicato já protocolou uma reclamação na Delegacia Regional do Trabalho e no Ministério Público do Trabalho devido à falta de condições mínimas de trabalho e saúde. Porém, não houve retorno.
“Queremos coisas simples, que é a interdição do prédio, completa desinfestação e troca dos bebedouros. Não aguentamos mais os pombos, é insalubre demais. Queremos condições sanitárias. Sugeriram realizar a desinfecção com os servidores aqui dentro. É um absurdo”, pontuou.
A greve será realizada apenas pelos 150 trabalhadores da área operacional. A expectativa é de que os outros 100 servidores da área administrativa cruzem os braços futuramente. “Hoje, os mais afetados são da área operacional, que está no galpão, mas todos estão em risco. O administrativo e o pessoal da limpeza. Não há condições de continuar e esperamos que os demais também venham conosco nessa luta”, encerrou.