Professora compara possíveis demissões com volta da escravidão: "Se não faz o que quero, vai para o tronco"

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Quarta, 07 Agosto 2019 | OlharDireto
A professora Vera de Fátima acredita que a possibilidade de demissão anunciada pelo governador Mauro Mendes (DEM) na segunda-feira (5) “é como [voltar] ao período da escravidão”. Os profissionais da educação estão em greve desde o dia 27 de maio, exigindo o cumprimento da lei complementar nº 510, pagamento da Revisão Geral Anual e melhorias estruturais nas escolas estaduais de Mato Grosso.
“Eu vejo isso como ‘vai pro tronco’. Esse ‘vou te demitir se você não voltar a trabalhar agora’ é como na época da escravidão, onde se você não faz como eu quero, então você vai para o tronco e apanhar, que é o que está acontecendo agora”, conta a professora ao Olhar Direto, acrescentando que os servidores já sofrem por conta do corte de ponto e, em consequência, a dificuldade para se manter em meio a contas que devem ser pagas.

Professora formada diretamente do Paraná, ela é profissional efetiva em Mato Grosso desde 2000. Com mais de 20 anos atuando na área, Vera já participou de várias greves e assume que a maiora dos direitos conquistados para os professores partiram de greves feitas pela categoria porque ela não tem o seu direito reconhecido.

“Eu tenho um filho de 7 anos que estuda na mesma escola em que eu trabalho e que está fora da escola, assim como milhares de crianças no estado, pelo descaso do governador com a população do estado de Mato Grosso. Quando ele faz esse corte de ponto, ele não está atingindo somente os profissionais da educação”, conta.

Demissões

Na manhã desta segunda-feira, o governador Mauro Mendes anunciou que o seu governo estuda iniciar o Processo Administrativo Disciplinar (PAD) para demitir os profissionais da educação que aderiram o movimento grevista, apontado em 40% de um total de 757 unidades escolares.

“Hoje, 60% dos professores do Estado estão trabalhando. Caso permaneçam em greve, hoje  vamos conversar um pouco sobre isso. Depois de 30 dias, declarada ilegal, podemos abrir PAD e afastar professores e fazer novos chamamentos. Não queremos fazer isso, mas não posso ceder {conceder aumento} a Lei é clara”, disse em entrevista à Rádio Capital.

O presidente do Sindicato dos trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT), Valdeir Pereira, todavia, afirma que o número é 48%. Quanto ao número de servidores, a porcentagem está entre 65% e 75% de um total de mais de 42 mil pessoas.

Nova proposta

Ainda na tarde de segunda, em reunião com o presidente da Assembleia Legislativa, Eduardo Botelho (DEM) e outros parlamentares, uma nova proposta foi feita pelo Executivo, anunciando ser sua última. Nela, o governo usa todo espaço fiscal aberto abaixo de 49% da receita corrente líquida para a concessão do RGA e dos aumentos salariais.

“Fizemos tudo aquilo que podíamos. Quero deixar claro que é a última que o governo tem como fazer. Nenhuma condição além do que já falamos. Isso cria uma boa possibilidade, a partir do próximo ano, de termos RGA, algum pagamento dentro das leis de carreira que tem ganho real, mas respeitando este limite que é superior a uma lei federal, que é superior as do Estado”, comenta em vídeo divulgado pela deputada Janaína Riva (MDB).

Ao Olhar Direto, por meio de assessoria, o Sindicato informou que ainda não pode se posicionar quanto a nova proposta pois o documento ainda não foi entregue oficialmente e precisa passar por análise.

 

 
 
 
 
 
 
 
 
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