Vereador preso por ligação com Comando Vermelho foi prefeito de VG em auge de crise política

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Quinta, 19 Dezembro 2019 | OlharDireto
A prisão do vereador de Várzea Grande Jânio Calistro (PSD) por suspeita de associação com o Comando Vermelho voltou a jogar holofotes sobre o polêmico policial civil aposentado que chegou a exercer o cargo de prefeito da segunda maior cidade de Mato Grosso em 2015, no auge da crise política que envolveu a cassação de Walace Guimarães e a posse de Lucimar Campos (DEM), atual prefeita do município, que havia ficado em segundo lugar na disputa eleitoral.
Naquele momento de instabilidade política, Várzea Grande chegou a ter três prefeitos em menos de 24h. Walace foi cassado por gastos ilícitos na campanha e como a decisão se estendia à chapa toda, o vice, Wilton Coelho, também perdeu o mandato. Calistro, que era presidente da Câmara Municipal, foi empossado, seguindo determinação da Justiça Eleitoral. Horas depois, Lucimar foi diplomada prefeita, cargo no qual se reelegeu em 2016.   
Se dependesse de Calistro, o mandato à frente do Paço Municipal Couto Magalhães não teria sido tão breve. O vereador à época impetrou mandado de segurança contra decisão do TRE que determinava a posse de Lucimar. A intenção dele era seguir na prefeitura e convocar eleições indiretas, para viabilizar a própria eleição dentro da Câmara Municipal e concluir o mandato iniciado por Walace.
Prisão em mesa de bar
Essa não é a primeira prisão do vereador. Em julho do ano passado, Calistro foi pego pela Polícia Militar em uma mesa de bar no bairro Mapim, em Várzea Grande, enquanto jogava baralho armado com uma pistola cujo uso só é permitido para policiais da ativa.
Na ocasião, a PM chegou ao policial civil aposentado por meio de uma denúncia anônima que relatou som de disparo de arma de fogo na região.
Associação com o Comando Vermelho
Investigação feita pela Delegacia Especializada de Repressão a Entorpecentes (DRE) aponta que Calistro seria o responsável por orientar quadrilha que pertence ao Comando Vermelho sobre como seria feito o tráfico de drogas, já que teria contatos e experiência por já ter sido policial civil.
Conforme o delegado titular da DRE, Vitor Hugo Bruzulato Teixeira, o vereador não seria membro do grupo, tendo apenas uma associação com ele. Provas colhidas nos núcleos operacionais e de inteligência, além de depoimentos, serviram como base no pedido de prisão preventiva, que foi expedida pela Justiça.
Também foi expedido mandado de busca e apreensão para a casa do vereador, mas nada de ilícito foi encontrado. No momento da prisão, Jânio Calistro se mostrou surpreso, segundo o delegado.
O parlamentar, que já foi presidente da Câmara de Várzea Grande e chegou a assumir a prefeitura interinamente, será encaminhado ao Centro de Custódia da Capital (CCC), por possuir formação superior.
"Defensor do povo"
Preso na manhã desta quinta-feira (19), o vereador alegou ser defensor do povo, em fala breve com a imprensa na porta da da Delegacia Especializada de Repressão a Entorpecentes (DRE).
"Vocês acham que eu tenho cara de traficante? Eu sou defensor do povo, sou vereador de Várzea Grande. Eu vou provar para vocês [inocência]", argumentou antes de entrar em um carro para ir ao Instituto Médico Legal (IML), para exame de corpo de delito.
Câmara desconhece os fatos
O Presidente da Câmara de Várzea Grande, vereador Fábio José Tardin (DEM)afirmou que não tem conhecimento dos fatos que ensejaram a prisão do vereador e que por este motivo “não tem como se manifestar”.
“A fim de evitar qualquer atitude precipitada, por orientação da assessoria Jurídica da Casa de Leis, vai aguardar o desfecho do caso para posteriormente se manifestar oficialmente”, limitou-se a dizer.
Fábio Tardin ainda declarou que o colega de parlamento tem direito à ampla defesa e ressaltou que crimes cometidos fora do recinto da Câmara e sem correlação com a instituição são de inteira responsabilidade do infrator. 

 

 
 
 
 
 
 
 
 
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