No Dia da Amazônia, celebrado nesta segunda-feira (5), Mato Grosso figura como o segundo estado brasileiro que mais desmata e queima o bioma amazônico. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que o ente federativo só fica atrás do Pará.
Segundo a plataforma TerraBrasilis, que é desenvolvida pelo Inpe, Mato Grosso tem tido uma alta em focos de calor desde maio deste ano em relação ao mesmo período em 2021.
Em agosto deste ano, por exemplo, foram registrados 5,9 mil focos de queimadas no bioma. No mesmo período do último ano, foram 3,8 mil focos. O aumento, segundo o coordenador de Inteligência Ambiental do Instituto Centro Vida (ICV), Vinícius Silgueiro, está relacionado a fatores humano.
"Tem uma causa totalmente humana. Esse fogo não é natural, porque nessa época a gente sequer tem nuvens para ter raio e causar uma combustão natural. Então, o que vemos é isso, o uso do fogo associado ao desmatamento e também o fogo diretamente na vegetação nativa para degradar essa vegetação", afirmou.
Conforme destacado pelo coordenador, agosto e setembro são os meses mais críticos por conta do período de estiagem. Contudo, neste ano os dados mostram um aumento ainda maior em relação a 2021.
Exemplo disso se mostra no fato de que nos 4 primeiros dias de setembro foram registrados 2.583 focos de calor no estado. No último ano, todo o mês de setembro notificou 5.602 focos. Neste cenário, segundo o coordenador, Mato Grosso deverá registrar um novo recorde de desmatamento neste ano.
O coordenador destaca ainda que o enfraquecimento do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Ibama) e a incidência do ano eleitoral somam como somam como fatores preponderantes no avanço das queimadas no estado.
"O primeiro é que, por mais que o estado de Mato Grosso tenha se empenhado em aumentar as fiscalizações nos últimos anos, a gente tem um Ibama bastante enfraquecido já desde 2019, praticamente inerte em boa parte do Mato Grosso e da Amazônia. E isso dá uma resposta muito ruim de impunidade para aqueles que querem cometer esse crime, porque estamos no período proibitivo", disse o coordenador.
"O segundo fator é que se fizermos uma relação dos anos com pico de fogo com os anos eleitorais, é possível ver essa relação. Então, em anos eleitorais ocorre mesmo essa ação maior de desmatamento e uso do fogo", acrescentou.
Na plataforma TerraBrasilis é possível acompanhar dados de desmatamento e queimadas nos biomas da Amazônia e Cerrado com dados atualizados até o último dia de agosto.