Consórcio rebate TCE e nega desgastes em vagões do VLT
O Consórcio VLT Cuiabá-Várzea Grande, responsável pela implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) na região metropolitana, negou que os 40 vagões já entregues na Capital possam apresentar algum tipo de defeito ou tenha a qualidade do material comprometida, quando o modal finalmente entrar em operação.
Os riscos foram expostos pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) durante a apresentação de relatório sobre a obra, onde apontava os riscos da exposição dos vagões às intempéries do tempo, uma vez que se encontram guardados fora de área coberta, no Centro de Operações e Manutenções do VLT, em Várzea Grande.
“Os vagões contratados foram entregues e estão no pátio, ao relento, e podem estar obsoletos no momento do uso. As composições estão paradas no Centro de Manutenção e Operação, ao lado do Aeroporto [Marechal Rondon], e o Estado poderia ter comprado esse material com tecnologia mais avançada no final da obra”, disse o conselheiro João Batista, na ocasião.
Ao MidiaNews, o consórcio afirmou, por meio de assessoria, não há risco de deterioração dos carros enquanto a obra não é concluída, e que não teme prejuízos pela entrega antecipada dos vagões.
“A fabricante dos trens, CAF Brasil, garante que os VLTs não sofrem prejuízo quanto à exposição a intempéries. Isso porque foram projetados para suportar as mais variadas condições climáticas como sol, chuva, ventos, raios, poeira, frio, entre outros, por um período de 30 anos, independentemente de estarem estacionados ou em circulação”, afirmou o consórcio.
Formados por sete carros cada um e com capacidade para até 400 passageiros, os vagões do VLT foram fabricados na Espanha e começaram a ser entregues no ano passado.
Entrega antecipada
O TCE também apontou a suposta prática de “jogo de cronograma” por parte do consórcio, questionando a razão pela qual o Estado aceitou adquirir os vagões e trilhos no início da obra.
Isso porque, apesar de ter apresentado uma proposta global para execução da obra com valor 9% menos do que o estimado pelo Governo do Estado quando da época da licitação – que era de R$ 1,6 bilhão –, o Consórcio VLT Cuiabá-Várzea Grande majorou o preço do seu material rodante (um dos itens do contrato) em 21,3% do que aquele previsto pela pasta.
Ou seja, apenas os trilhos e os vagões correspondem a R$ 498 milhões do valor global de R$ 1,477 bilhão do projeto.
O modal, porém, tem expectativa para começar a funcionar apenas em 2015 – prazo este que também é dúvida, uma vez que as obras ainda se encontram pela metade, após dois anos de execução.
A Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo (Secopa) negou que a entrega antecipada possa resultar em prejuízo ao erário, uma vez que os carros não foram recebidos pelo Estado.
De acordo com a pasta, o recebimento apenas será feito quando a obra toda estiver pronta – trincheiras, viadutos, pontes, via permanente, estações e terminais.
O consórcio alegou que “a fabricação e entrega dos trens obedeceram ao cronograma elaborado pelo Consórcio VLT, entregue e aprovado pelo Governo de Mato Grosso”.
“Eles estão estacionados no pátio e recebendo os cuidados necessários, como as manutenções programadas, para sua conservação”, afirmou o consórcio.