Em cinco anos, BR-163 receberá o equivalente a uma Copa do Mundo em investimentos
No período de cinco anos, a BR-163 receberá o mesmo em investimentos que Cuiabá e Várzea Grande receberam em logística e infraestrutura de transportes para a realização da Copa do Mundo 2014. De acordo com informações da Secretaria Extraordinária de Apoio à Realização da Copa (Secopa), o valor total, com aditivos, investidos na construção de vias de acesso é de R$ 2,83 bilhões, incluindo a implementação do Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT). O montante é praticamente o mesmo que o investido pela Rota do Oeste na duplicação, recuperação, manutenção e implantação de melhoria na rodovia entre a divisa com o Mato Grosso do Sul até Sinop, no trecho de responsabilidade da concessionária.
Em cinco anos, serão aplicados R$ 2,8 milhões na duplicação de 450 quilômetros da BR-163 entre a divisa com o Mato Grosso do Sul até Rondonópolis, no contorno de Cuiabá e Várzea Grande (Rodovia dos Imigrantes) e do Posto Gil, em Diamantino, até Sinop. A duplicação dos outros 400 quilômetros está sob responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT).
A Rota do Oeste também já realiza os trabalhos para trazer melhorias de curto prazo aos usuários da rodovia, que envolvem a recuperação emergencial e profunda do pavimento, a instalação e recuperação da sinalização, limpeza e roçada da faixa de domínio. Estes serviços serão contínuos até o fim do período de concessão, que é de 30 anos. Durante este tempo, a previsão de investimento na rodovia que corta todo o Estado é de R$ 5,5 bilhões. Para a Copa do Mundo, a estimativa é que foram investidos R$ 5,3 bi em todas as obras realizadas em Mato Grosso, incluindo a Arena Pantanal.
De acordo com o diretor-executivo do Movimento Pró-logística, Edeon Vaz, os benefícios da duplicação da BR-163 vão durar muito mais que os 30 anos de concessão, e representam um avanço maior, que excede a questão do transporte em si, mas abrange o setor da produção agrícola e, consequentemente, a economia do Estado e até do País. “A rodovia é e será por anos uma das principais rotas de escoamento da produção. Mesmo com a abertura de novos caminhos pelo Norte, os portos de Paranaguá e Santos serão utilizados pelo produtor”, afirma Vaz.
Na BR-163, a concessionária realiza um planejamento extensivo para a implantação de obras de arte que, juntamente com a duplicação, trarão mais fluidez ao trânsito e segurança ao usuário. Entre as ações previstas está a construção de 43 obras de arte, entre viadutos, contornos, acessos, passarelas e marginais urbanas, que trarão melhorias aos 19 municípios que são cortados pela rodovia. Estas obras serão realizadas a partir do sexto ano de concessão, com a conclusão da duplicação.
Em Cuiabá e Várzea Grande, as obras para a Copa do Mundo no setor de transportes incluem, além do VLT, a construção de trincheiras, rotatórias e alargamento de pista na região metropolitana. A comparação entre os dois investimentos, porém, é quantitativa, com relação aos valores, e qualitativa no ponto em que ambos são aplicados no segmento de transporte e logística. Mas os objetivos dos investimentos são diferentes.
O engenheiro civil e mestre da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Eudemir Pereira, explica que obras como as realizadas em Cuiabá são de naturezas distintas se comparadas à duplicação da BR-163, mas pensar em ações como estas representam um avanço para o Estado.
“Ambas são muito significativas e o modelo de concessão adotado na rodovia é exemplar. Pela necessidade pungente de melhorias no setor de logística não apenas em Mato Grosso, mas em todo o país, a concessão da BR-163 representa um dos fatos mais importantes registrados na região, tanto pela garantia de uma estrutura para os usuários, quanto para o impacto que este investimento representa na economia, seja pela redução no custo do frete ou pela ampliação da capacidade de escoamento da produção agrícola do nosso Estado”, compara Eudemir Pereira.
Para o secretário de Estado de Transportes e Pavimentação Urbana, Cinésio Nunes de Oliveira, Mato Grosso realmente ganhou o equivalente a duas Copas do Mundo em investimentos. “O Brasil perdeu o mundial, mas Mato Grosso sai vitorioso. As obras realizadas para mobilidade urbana em virtude da Copa deixam um legado para mais de 30 anos. E a duplicação da BR-163 é a segunda vitória do Estado. Os valores são equivalentes e os benefícios maiores ainda”.
Assim como para Copa do Mundo, os investimentos a serem realizadas na construção da nova BR-163 têm linhas de financiamentos específicas. A concessionária Rota do Oeste venceu o leilão da BR-163 em novembro de 2013, que estava incluído no terceiro lote de concessões do Programa de Investimentos em Logística (PIL) do Governo Federal.
“A BR-163 terá um dos pedágios mais baratos do país, com a tarifa básica de R$ 2,66 por eixo a cada 100 quilômetros. Este valor, que será corrigido pela inflação vigente quando for iniciada a cobrança, foi alcançado porque, entre outros fatores, há a possibilidade de financiamento. Assim, o objetivo de transformar a rodovia sem comprometer o desenvolvimento econômico e, até impulsionando o agronegócio, foi alcançado”, explica o diretor-geral da concessionária, Paulo Lins.
Mais do que asfalto e concreto
Além das obras em pavimentação, duplicação, obras de arte e contornos, outro grande investimento já iniciado e que vai perdurar nos 30 anos de concessão é a rede de serviços oferecidos. O diretor de operações da Rota do Oeste, Fábio Abritta destaca que os serviços de atendimento ao usuário tiveram início em 20 de setembro de 2014 e só acabam em 2044. “São 30 anos de investimento contínuo em pessoas, equipamentos, capacitação, tudo para oferecer mais segurança aos usuários da rodovia”.
As operações atendem a todos que transitam pelo trecho entre a divisa com Mato Grosso do Sul, no município de Itiquira (MT), até Sinop (MT). São 855 quilômetros com inspeção de tráfego 24 horas por dia, 18 ambulâncias, 26 guinchos, 10 caminhões-pipa e de apreensão de animais e 18 bases de atendimento aos usuários à disposição a qualquer hora, todos os dias.
Os serviços implantados são inéditos no Estado e deverão ter impacto direto na qualidade e segurança da BR-163. Cerca de 500 pessoas estão mobilizadas, sendo 280 contratados diretamente e 216 de forma indireta.
A união dos serviços de atendimento ao usuário com as obras que irão transformar a rodovia deverão reverter a realidade e nos próximos anos o número de vítimas fatais em acidentes no trecho concedido deverá reduzir em 30%. Isso sem falar no ganho em tempo dinheiro.
“Os impactos são em toda a cadeia produtiva, com a maior trafegabilidade e redução de custo. Mas haverá, principalmente, o ganho social. Vidas serão preservadas a partir da duplicação da rodovia”, conclui o secretário Cinésio Nunes.