O Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) acusou o escritório de advocacia do ex-secretário-Chefe da Casa Civil, Paulo Taques, de “servir para práticas ilícitas”. A informação consta de um inquérito do órgão que apura um esquema de desvios e lavagem de dinheiro no Detran de Mato Grosso que teria causado prejuízo de R$ 30 milhões aos cofres públicos do Estado.
Taques, juntamente com seu irmão e sócio, Pedro Jorge Zamar Taques, foi preso no dia 07 de maio após deflagração da operação “Bônus”, que investiga as fraudes no departamento estadual de trânsito. “Além disso, conforme já exposto, a primeira ideia para o pagamento das vantagens indevidas a Paulo Cesar Zamar Taques foi a de fazê-lo através do escritório de advocacia que este mantém em sociedade com seu irmão Pedro Jorge Zamar Taques, o que revela que o local é utilizado não apenas para atividades lícitas ligadas ao exercício da advocacia, mas também para atividades ilícitas, de modo que é preciso que a busca se estenda também ao escritório”, diz trecho da denúncia.
Segundo as investigações, as fraudes no Detran começaram em 2009 e se estenderam até a gestão Pedro Taques, que teve início em 2015. Antes do atual chefe do poder Executivo mato-grossense chegar ao Palácio Paiaguás, o esquema teria a liderança do deputado estadual Mauro Savi (PSB), que também está preso.
Porém, após a vitória de Taques ao Governo, o contrato com a EIG Mercados com o Detran, fonte das fraudes apontadas pelo Gaeco, passou a ser “tutelado” pelo ex-chefe da Casa Civil de Mato Grosso. As investigações dão conta de que, além do escritório dos irmãos advogados representarem juridicamente a organização que cometia as fraudes, Paulo Taques teria recebido R$ 2,6 milhões para “manter” o acordo entre a empresa e o Detran.
Paulo Taques também recebia outros recursos ilícitos que eram intermediados por seu irmão, Pedro, e o ex-CEO da EIG Mercados, Valter José Kobori. De acordo com investigações do Gaeco, e da Delegacia Especializada em Crimes Fazendários e Contra a Administração Pública (Defaz), o deputado estadual afastado Mauro Savi (PSB) era um dos líderes de um esquema que envolveu empresários e políticos notórios no Estado. O inquérito policial narra desvios promovidos por uma empresa (EIG Mercados) que prestava serviços ao Detran no registro de financiamento de veículos em alienação fiduciária, além de uma outra organização (Santos Treinamento) que lavava o dinheiro desviado.
O inquérito aponta que a EIG Mercados – que no início dos desvios, em 2009, chamava-se FDL Serviços -, repassava em torno de R$ 500 mil por mês de verbas obtidas pelo serviço que presta ao Detran de Mato Grosso por meio da Santos Treinamento. A empresa era uma espécie de “sócia oculta” nos trabalhos realizados ao departamento estadual.
O dinheiro chegava a políticos notórios do Estado - como o ex-governador Silval Barbosa, o deputado estadual Mauro Savi, do ex-deputado federal Pedro Henry, e, posteriormente, ao ex-Chefe da Casa Civil, Paulo Taques -, por meio de depósitos bancários e pagamentos em cheques promovidos pelos sócios da Santos Treinamento, como Claudemir Pereira, também conhecido como “Grilo”.
Além de Mauro Savi e Paulo Taques, também foram presos os sócios da Santos Treinamento, Claudemir Pereira dos Santos e Roque Anildo Reinheimer, o ex-CEO da EIG Mercados, Valter José Kobori, e o irmão de Taques, e advogado, Pedro Jorge Zamar Taques.