Alan confirma reunião entre Silval e Taques e diz que governador pediu R$ 10 milhões
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Sábado, 20 Outubro 2018
| OlharDireto
O empresário Alan Malouf, em sua delação premiada, confirmou que o ex-governador Silval Barbosa e o atual governador do Estado, Pedro Taques (PSDB) se reuniram na casa do empresário para que Taques pedisse doação de campanha. Silval já havia narrado o mesmo fato em seu acordo de delação premiada, mas Taques havia negado pedido de doação. De acordo com Malouf, Taques buscava o montante de R$ 10 milhões.
Alan Malouf relatou que por volta de agosto de 2014 houve uma reunião em sua residência, com a participação do então candidato ao Governo naquele ano, Pedro Taques, do governador de Mato Grosso à época, Silval Barbosa, do secretário da Casa Civil da gestão Silval, Pedro Nadaf, e do empresário Erivelton Gasques.
De acordo com Alan, a reunião foi agendada para tentar viabilizar um eventual apoio financeiro por parte de Silval Barbosa, a favor de Pedro Taques para sua campanha. O montante pretendido era R$ 10 milhões.
Taques e Silval então teriam se dirigido até a área da casa de Malouf, onde fica a churrasqueira, e tiveram uma conversa reservada, que durou entre 30 e 40 minutos. Pedro Nadaf, Erivelton Gasques e Malouf teriam aguardado a reunião do lado de fora do rescinto, próximo à piscina.
Ao final da conversa Taques teria dito a Malouf e a Gasques que a pauta debatida estava acordada entre as duas partes. Dias depois, Gasques e Malouf foram até a Secretaria de Estado da Casa Civil cobrar de Nadaf o cumprimento do acordo entre Taques e Silval.
Nadaf teria discordado do valor negociado pelo então candidato com o governador, mas informou que poderia cumprir com pelo menos R$ 5 milhões. No entanto, conforme os dias foram se passando e não obtiveram nenhuma posição de Nadaf a respeito do recurso prometido por Silval Barbosa para Pedro Taques, Malouf e Gasques então desistiram de cobrar providências acerca da promessa.
Malouf não soube informar ao Ministério Público Federal se houve qualquer recebimento decorrente da reunião entre Taques e Silval.
A denúncia
Em 19 de abril de 2018, foi homologado o acordo de delação premiada, firmado entre o Ministério Público Federal e Alan Ayoud Malouf, com a finalidade de obter elementos de prova contra os investigados na Operação Rêmora, conduzida pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso.
No requerimento de homologação do acordo, o Ministério Público Federal esclareceu que o relator revelou dados de um esquema de arrecadação de verbas, captadas mediante a doação de empresários, e a formação de chamado caixa dois, destinadas à campanha eleitoral de Pedro Taques ao Governo do Estado de Mato Grosso, em 2014.
Segundo asseverou, o retorno aos doadores consistiria na celebração de contratos, regulares ou não, com o Estado de Mato Grosso. O MPF também destacou a existência de vinte cadernos anexados ao acordo de colaboração premiada, nos quais está descrita a interlocução do delator com o governador e outras autoridades que detêm a prerrogativa de serem processadas no Superior e no Supremo, entre elas o deputado federal Nilson Leitão.
Malouf ainda apontou um esquema de desvio de recursos públicos, por meio de fraudes a licitação, no âmbito da Secretaria de Estado de Educação, Esporte e Lazer de Mato Grosso, durante a gestão do então secretário Permínio Pinto Filho.
Taques e Leitão haviam conseguido na Justiça obter acesso à delação, que também teve seu sigilo levantado. Em uma decisão publicada no Diário de Justiça Eletrônico do Supremo Tribunal Federal desta sexta-feira (19), o ministro Marco Aurélio, acolheu o pedido do Ministério Público Federal e retirou o sigilo da delação.