O deputado Wilson Santos (PSDB) considera que o governador Mauro Mendes (DEM) teria que aprofundar mais as reformas e especialmente os cortes de gastos para recuperar a segurança financeira do Estado. A fala foi proferida no início da tarde desta segunda-feira (14), em entrevista ao programa Jornal do Meio-Dia, da TV Vila Real.
Wilson também afirma que conta com a boa vontade do agronegócio para conseguir emplacar uma vez mais o Fundo de Transporte e Habitação (Fethab) e brincou quando perguntado sobre como zerar o déficit do orçamento. “A proposta é um milagre”, disse.
Logo depois afirmou que é possível fazer isso utilizando-se de três frentes, que serão apresentadas por ele em proposta à nova Lei Orçamentária Anual (LOA), que será discutida a partir desta terça-feira (15) na Assembleia. Para se chegar a R$ 1,750 bilhão, afirma, é necessário proceder a duas reduções, contar com o acréscimo estimado do Fethab e com isso zerar o déficit.
A primeira fonte de receita seria a reserva de contingência, de R$ 506 milhões e da qual seriam tirados R$ 306 milhões, restando R$ 200 milhões. Destes, R$ 150 milhões aproximadamente seriam usados para o pagamento de emendas parlamentares e outros R$ 50 milhões, “que sempre foi o previsto nos últimos anos”, permaneceriam na citada reserva.
De outra feita, o Estado operaria mais um corte, desta vez, retirando R$ 400 milhões do fundo de custeio, que hoje está entre R$ 2,7 bilhões e R$ 3 bilhões. “Vamos dar uma apertadinha de 10%, 12% a menos. Dá pra tirar de combustível, passagem, energia, material de consumo. Tem como enxugar”, garante.
Por fim, a redução viria, no primeiro ano, de R$ 400 milhões do R$ 1,1 bilhão previsto para investimento. “Reduziríamos para R$ 700 milhões e acrescentaríamos mais R$ 650 milhões do Fethab novo, pois tenho certeza que virá. Você chega, assim, a R$ 1,7 bilhão, aproximadamente, que é justamente o déficit do Estado e fazemos o orçamento sem déficit”, garante.
"É simples, o agro, sempre que provocado, rende. Foi assim em 2016, quando o governo Taques propôs o Fethab 2: o povo do agro foi convocado, veio à mesa e foi convencido. Agora ainda não chegou nenhum documento oficial à Assembleia [negando a proposta], que será o fórum de debate, mas pela minha experiência, tenho certeza que o setor acabará apoiando o novo Fethab, que na verdade é a ampliação da taxação sobre o agro".
De acordo com o tucano, a melhor oportunidade de fazer isso é agora, no começo de uma nova gestão, quando há menos desgaste tanto dos deputados quanto do governador junto à população. Segundo ele, "não fazer isso seria repetir um dos maiores erros de Pedro Taques (PSDB)".
Para Wilson, as novas propostas de austeridade levadas à Assembleia Legislativa deveriam ser mais enérgicas. “Eu disse ao governador Pedro Taques (PSDB) que era tímida aquela reforma tentada e digo de novo: o governo Mauro Mendes está perdendo uma chance de aprofundar e radicalizar a reforma, o momento é o início da gestão. Não sei se ele terá uma segunda chance”.
Instado a traduzir o que seria mais profundo e radical, Wilson foi direto -- "tem que haver mais demissões e a folha deve ser enxugada. Não dá pra ter um Estado em que você gasta 99% pra dentro e sobrar só um por cento pra investimento. Não tem quem aguente essa folha”, disse, sem se furtar até mesmo a criticar o governo do qual fazia parte ao responder por que isso não fora feito nos tempos de Taques. “Não foi feito porque o governo anterior não tinha essa visão, mas eu disse”.