Durante depoimento feito no período em que propôs delação premiada, o coronel Zaqueu Barbosa afirmou que o ex-governador Pedro Taques sabia do esquema de escutas ilegais, assim como o ex-secretário-chefe da Casa Civil Paulo Taques. As informações sobre do depoimento foram concedidas, nesta segunda-feira (15) pelo coronel.
Sobre essa denúncia, Pedro Taques (PSDB) disse que é inocente das acusações e vai provar em juízo. Já Paulo Taques não quis comentar a declaração de Zaqueu.
No documento, Zaque relatou ainda que os ex-gestores não apenas sabiam do esquema como ajudaram a montá-lo. Ele afirmou que os grampos começaram ainda na época da campanha, com o objetivo de obter informações sobre os adversários.
Já no governo, eles mantiveram as escutas para receber informações sobre as pessoas grampeadas e assim, montar estratégias de defesa.
Segundo Zaqueu, por meio dos grampos, ele soube que Janete Riva seria indicada para uma vaga de conselheiro no Tribunal de Contas do Estado (TCE).
Ele teria levado essa informação ao governador que, imediatamente, que era preciso agir para impedir que Janete não fosse nomeada.
O coronel reiterou que o Pedro Taques, além de financiar as escutas clandestinas, se utilizou das informações obtidas por meio dos telefones grampeados.
A Justiça Militar fará, a partir desta terça-feira (16), novo interrogatório de todos os envolvidos no esquema de grampos telefônicos ilegais.
Zaqueu chegou a ser preso e foi solto em outubro de 2018.
Grampos clandestinos
Os telefones foram interceptados com autorização judicial. Os documentos pedindo à Justiça autorização para isso foram assinados pelo cabo da PM, Gerson Luiz Ferreira Correia Júnior, numa suposta investigação de crimes cometidos por PMs.
No entanto, foram juntados os telefones de quem não era suspeito de crime algum, numa manobra chamada "barriga de aluguel".
O caso foi denunciado pelo promotor de Justiça Mauro Zaque. Em depoimento encaminhado à Procuradoria-Geral da República, oele afirmou que, naquele ano, ouviu o coronel Zaqueu Barbosa, comandante da PM à época, dizer que as interceptações telefônicas eram feitas por determinação de Pedro Taques (PSDB).
Zaque alega ainda que levou o assunto ao governador, que ficou constrangido, mas não fez nenhum comentário.
O promotor ainda afirmou que alertado o governador sobre a existência de um "escritório clandestino de espionagem" por meio de dois ofícios. O primeiro chegou a ser enviado para o Ministério Público Estadual (MPE), mas a investigação foi arquivada por falta de provas.
O segundo ofício, que o governador alega nunca ter recebido, foi protocolado na Casa Civil, mas cancelado no mesmo dia e substituído por outro, conforme apontou auditoria da Controladoria Geral do Estado.
Antes do relatório da CGE vir à tona, Pedro Taques chegou a entrar com representação contra Zaque em instituições como o Conselho Nacional do Ministério Público e a PGR, acusando-o de falsificação de documento público.