A Justiça mandou soltar Williana Gomes de Campos, que se encontrava em prisão domiciliar. Ela é suspeita de fazer parte de uma organização criminosa, que controlava e distribuía drogas em cidades do interior do Estado, e que foi desbaratada pela Operação Parasita, da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado de Mato Grosso (FICCO/MT).
A decisão que livrou a suspeita da prisão domiciliar foi publicada nesta sexta-feira (28). Williana Gomes de Campos, no entanto, terá que cumprir outras medidas cautelares, como comparecer a cada 30 dias na Justiça para informar suas atividades, além da proibição de manter contato com outros réus do processo.
Na mesma decisão, outros dois suspeitos - Emmanuel Salgueiro Espídola e Veridiana da Silva Santos -, tiveram as prisões mantidas, porém, em relação à suspeita, a Justiça autorizou que ela trabalhe.
OPERAÇÃO PARASITA
As investigações apontam a atuação de uma organização criminosa voltada ao tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e outros crimes conexos, liderada por um presidiário da Penitenciária Central do Estado (PCE/MT).
Foram cumpridos 21 ordens judiciais de prisão preventiva e 13 mandados de busca e apreensão em 04 estados: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraíba e Pernambuco Os mandados foram expedidos pela 7ª Vara Criminal de Cuiabá. Além destas medidas, a justiça determinou ainda o bloqueio de até R$ 12 milhões nas contas dos investigados, além do sequestro de diversos imóveis, valores em espécie e veículos pertencentes aos criminosos.
No decorrer das investigações, ficou demonstrado que os alvos atuavam no tráfico de drogas em diversos municípios de Mato Grosso, dentre eles Barra do Bugres, Alto Paraguai, Jaciara, Nova Olímpia, Feliz Natal e Nova Mutum. Nestas cidades, qualquer traficante que pretendesse comercializar entorpecentes deveria ser previamente autorizado pelos líderes, sendo obrigado a adquirir a droga diretamente do grupo.
O grupo era responsável pela carga de cerca de 500kg (quinhentos quilogramas) de maconha, apreendida em 26/07/2019, em Rondonópolis/MT. Na oportunidade, apenas duas adolescentes haviam sido apreendidas quando mantinham a droga em depósito a mando dos líderes da organização investigada.
As investigações apontaram ainda que a organização criminosa funcionava como uma espécie de franquia do crime, com conexões e relações comerciais com outras organizações criminosas, dentro e fora de Mato Grosso. O grupo organizava a logística de fornecimento de entorpecentes a integrantes de outras organizações atuantes na região nordeste do Brasil.
Os integrantes pagavam taxas mensais e eram obrigados a repassar boa parte dos lucros das atividades aos líderes. A organização criminosa investigada possuía setores operacional, contábil e financeiro. Os principais membros, que já se encontravam presos, contavam com a ajuda de outros em liberdade para executarem suas ordens, recolhimento de dinheiro, distribuição de drogas e fiscalização das movimentações financeiras.
Por meio de autorização judicial, foram constatadas volumosas movimentações em dinheiro em nome de vários investigados. O somatório dos valores que circulou nas contas no período de 2018 a 2020 superou R$18 milhões. Nenhum dos investigados possui rendimentos lícitos conhecidos que possam justificar os altos valores movimentados, sendo que alguns deles, inclusive, recebiam benefício assistencial do governo.
A operação foi batizada de “Parasita” em razão das características da organização criminosa e seu principal líder, que, claramente, se utilizava dos demais integrantes e até mesmo da estrutura de outra organização criminosa local em suas empreitadas criminosas.