O investigador da Polícia Judiciária Civil (PJC), Edilson Antônio da Silva, foi apontado como o líder de uma organização criminosa composta por outros investigadores, policiais militares, informantes e apoiadores do grupo. Edilson esta lotado na 3ª Delegacia de Polícia do Coxipó, em Cuiabá, e chegou a ocupar durante um período o cargo de Chefe de Operações.
No dia 31 de maio de 2021, a juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Ana Cristina Silva Mendes, aceitou uma denúncia contra 25 policiais e ex-policiais, civis e militares, além de “apoiadores”, que fariam parte da organização criminosa. Os réus são acusados de concussão (receber ou exigir propina em razão do cargo que ocupam), roubo (com uso de arma de fogo, sob violência, mantendo as vítimas sob seu poder), além de “importar, produzir, transportar ou vender drogas”.
A quadrilha ainda teria tido o “auxílio” de menores de idade. “Esse eixo se encontra no ápice da estrutura funcional da Orcrim ora retratada. Tal conclusão decorre da constatação de que seus membros organizavam e planejavam, individual e também coletivamente, a logística das ações criminosas do grupo, tendo sempre especial destaque nesse tocante o acusado Edilson Antônio da Silva, que então ocupava a posição de Chefe de Operações da 3ª DP, e que reunia as melhores condições e recursos para exercer esse papel”, diz trecho da denúncia.
A denúncia do Ministério Público do Estado (MPMT) narra ainda que o núcleo da organização criminosa, da qual Edilson Antônio da Silva fazia parte, exercia um maior “poder de comando” sobre os demais integrantes em razão de informações privilegiadas que tinham acesso. “Este núcleo dispunha de maior poder de comando sobre as ações criminosas que seriam deflagradas pela organização criminosa, tendo em vista que era responsável pela obtenção de informações sobre os ‘alvos’ nos bancos de dados do Poder Público que tinha à sua disposição, por meio dos investigadores de polícia integrantes da Orcrim, bem como por conferir ares de veracidade (legalidade) às falsas abordagens realizadas”, narra o MPMT.
Os membros da quadrilha, supostamente liderada por Edilson Antônio da Silva, utilizavam ainda “viaturas oficiais da PJC/MT (inclusive caracterizadas com a identificação ostensiva da Polícia Judiciária Civil), giroflex, uniformes, distintivos, emprego de armas de fogo (tanto de origem ilícita quanto de propriedade do Estado de Mato Grosso”.
O MPMT descreve ainda a existência de pelo menos outros três núcleos da organização criminosa – um deles formado por policiais e ex-policiais militares, outro por “apoiadores” do grupo e um terceiro composto por pessoas que atuavam como “informantes”, ou mesmo “laranjas”, que serviam de “isca” para as práticas criminosas.
Um dos crimes descritos na denúncia revela uma tentativa de extorsão, no valor de R$ 20 mil, feita por policiais civis, para “livrar” um suposto traficante de drogas do inquérito policial.
São réus na ação Edilson Antônio da Silva, Alan Cantuário Rodrigues, Júlio Cesar de Proença, Paulo da Silva Brito, Rogério da Costa Ribeiro, André Luis Haack Kley, Frederico Eduardo de Oliveira Gruszczynski, Dhiego de Matos Ribas, Evanir Silva Costa, Raimundo Gonçalves Queiroz e Domingos Sávio Alberto de SantAna.
Ainda fariam parte da organização criminosa Reinaldo do Nascimento Lima, Natália Regina Assis da Silva, Manoel José de Campos, Jovanildo Augusto da Silva, Genivaldo de Souza Machado, Neliton João da Silva, Adilson de Jesus Pinto, João Martins de Castro, Delisflavio Cardoso Bezerra Da Silva, Sandro Victor Teixeira Silva, e Kelle de Arruda Santos, que também viraram réus no processo.
Todos eles – com exceção de Kelle Santos -, tiveram mantidas as prisões, realizadas durante a deflagração da operação “Renegados”, no dia 6 de maio de 2021.