Jovem morre após ser levado a beber uísque; dono de bar nega venda
Adolescente que foi desafiado por dono de bar a ingerir de uma vez só um litro de uísque, para ganhar outros dois da bebida, morre depois de ficar hospitalizado por seis dias e Polícia Civil vai investigar caso. Sepultamento do adolescente Jeferson Ferreira da Silva,16, reuniu dezenas de amigos, familiares e moradores da cidade de Nossa Senhora do Livramento (42 km ao sul), no final da tarde de quinta-feira (29). Os fatos que resultaram na morte do jovem ocorreram em um bar da cidade, denunciado por vender bebidas alcoólicas a menores e incentivar aglomerações e consumo por meio de narguile.
Revolta entre familiares da vítima marcou o velório já que mesmo depois dos fatos o comércio continuava funcionando normalmente. A reportagem do Jornal A Gazeta esteve no local que estava fechado na tarde de quinta-feira. Uma comerciante ao lado alegou que fazia dois dias que não via movimentação no local.
Tios de Jeferson narraram que ele foi praticamente “despejado” na porta da casa dos pais, por volta das 2h30 do último sábado (24), já inconsciente, sob alegação que teria passado mal. Rapidamente a família encaminhou ele para o Pronto-Socorro de Várzea Grande, onde foi entubado imediatamente, permanecendo em um box até conseguir vaga em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), o que aconteceu somente na segunda-feira (26).
Apesar de ter recobrado a consciência, chegando a conversar com familiares, sofreu uma parada cardiorespiratória e morreu na madrugada de ontem
Segundo o pai, Estevão da Silva, 41, o filho chegou a dizer que estava ansioso para voltar para casa. Mas isso não aconteceu. O caçula dos três filhos voltou apenas para ser sepultado na cidade. Apaixonado por cavalos, o jovem gostava de provas de laço e durante a pandemia começou a trabalhar, conciliando com os estudos remotos.
Familiares não se conformam como o adolescente foi tratado. Garantem que dezenas de testemunhas viram quando o proprietário do bar Celeiro’s pegou a garrafa e seguiu na direção de Jeferson, fazendo o desafio diretamente para ele, que se tomasse o litro de uísque de uma só vez, ganharia outras duas garafas da bebida.
Outro lado
O proprietário do bar entrou em contato com a reportagem. Eles lamentam profundamente a morte do adolescente Jeferson. Segundo o dono do estabelecimento, a venda de bebida alcóolica para menores de idade é estritamente proibida no local. Portanto, ele afirma que não vendeu a garrafa para o menor, além de ter socorrido o mesmo. Eles aguardam o laudo médico para apontar se a causa da morte foi por conta da bebida alcoólica.
No entanto, o estabelecimento é aberto e funciona de maneira rotativa, e admite a presença de menores de idade para consumos de bebidas não alcoólicas, como água e refrigerante. No fatídico dia, o proprietário disse que não viu Jeferson chegar. Conforme ouviu de outros clientes, ele já chegou ao local com sinais de embriaguez e possivelmente sob efeito de drogas.
Ainda de acordo com os relatos, ele chegou e sentou com outros amigos, que teriam pegado cadeiras do estabelecimento e sentaram do outro lado da rua, para consumirem as bebidas.
Os rapazes, que são maiores de idade, teriam comprado o whisky. Jeferson insistiu para beber. “Mesmo com a negativa por parte dos amigos, o menor insistia em querer beber, dizendo que daria o dinheiro para um maior de idade comprar outra garrafa depois, o que fora negado pelos amigos”, diz trecho da nota.
Em seguida, após virar a garrafa, o proprietário viu o menor entrando no banheiro com os amigos, com sinais fortíssimos de embriaguez. Ele solicitou que alguém levasse Jeferson até a casa dos pais.
“Passado mais ou menos um ou dois dias chegou ao conhecimento do estabelecimento que o menor estaria internado e no dia de ontem, infelizmente chegou a informação de que o mesmo teria vindo a óbito”, lamentou.
