Depois do crime brutal que vitimou as irmãs Rayane Alves Porto e Rithiele Alves Porto, no último sábado, em Porto Esperidião (320 km de Cuiabá), o delegado regional de Cáceres (220 km de Cuiabá), orienta que a população evite tirar fotos em que aparecem fazendo quaisquer gestos com as mãos, mesmo que a pessoa não tenha nenhum vínculo com facções criminosas.
“Na verdade essa situação está causando um temor na população e são situações que não tem um padrão. Existem pessoas que não tem nem contato com facção criminosa e nem noção de que fazer uma determinada simbologia possa levá-las a risco. Mas, oriento as pessoas a evitar esse tipo de simbologia, por mais que não tenham contato com nenhuma facção criminosa, no mundo [de facções] esses gestos são uma afronta, então é melhor prevenir do que remediar”, orientou o delegado em entrevista à rádio CBN, nesta terça-feira (17).
A recomendação acontece depois do sequestro e execução das irmãs, que teria sido ordenada por uma das lideranças do Comando Vermelho, identificado como Norivaldo Cebalho Teixeira, vulgo ‘Véio’, depois que elas publicaram uma fotografia nas redes sociais em que aparecem fazendo o número ‘três’ com os dedos, gesto relacionado ao Primeiro Comando Capital (PCC), principal rival do CV.
Contudo, esse não é o primeiro caso de homicídio motivado por fotos publicadas nas redes sociais registrado nos últimos meses em diferentes regiões de Mato Grosso.
Cerca de 10 dias antes do homicídio das irmãs, a adolescente Gabriela da Silva Pereira, de 16 anos, foi morta por criticar a qualidade da maconha do Comando Vermelho em uma ‘live’ nas redes sociais, além de publicar fotos fazendo o número ‘três’.
Seguindo o mesmo modus operandi do homicídio praticado em Porto Esperidião, cidade vizinha, Gabriela e uma amiga, também de 16 anos, foram sequestradas pelos criminosos. A amiga, no entanto, foi solta. Já a outra menor foi torturada e morta.
O corpo dela foi encontrado desfigurado, em uma região de mata no bairro Nova Era, em Cáceres (220 km de Cuiabá). Pelo crime, três pessoas foram detidas, sendo dois maiores e um menor de idade.
Em agosto, Fábio Rezena Jesus, de apenas 12 anos, foi executado a tiros bairro Alvorecer, em Barra do Bugres (172 km de Cuiabá). Ele também publicou fotos nas redes sociais fazendo alusão ao Primeiro Comando Capital.
Em Sorriso (420 km de Cuiabá), Maria Shamilly Carvalho Silva, de 17 anos, foi morta porque havia feito uma foto com sinais que foram, supostamente, interpretados como sendo de alusão a uma facção criminosa.
Ela desapareceu no dia 1º de junho e foi encontrada morta com perfurações de tiros na cabeça, foi encontrado no dia 2 de junho, em uma área de mata do bairro Jardim Amazônia. Ao todo, cinco pessoas foram presas pelo crime.