O comandante-geral da Polícia Militar de Mato Grosso, coronel Alexandre Mendes, anunciou que vai deixar o posto nos próximos dias. O comunicado foi feito em mensagem enviada à tropa na noite dessa sexta-feira (22). No texto, ele dá a entender que está deixando o cargo em razão do crescimento do crime organizado no estado e culpa a fraglidade da legislação brasileira por não alcançar sucesso nessa tarefa.
“Encerro um ciclo da minha vida com a serenidade e a cabeça erguida de quem doou tudo de si, muitas vezes, secundarizando o convívio familiar em proveito da missão e da sociedade mato-grossense, missão esta que estou em vias de concluir com a consciência e a honra inatacáveis”, diz trecho da nota.
Com relação ao crescimento do crime organizado, Alexandre Mendes afirmou que se trata de um problema sistêmico que não pode ser atribuído a uma ou outra instituição. No comunicado, ele sinaliza que está deixando o cargo por esse motivo.
“Ponderar o crescimento desse câncer social, chamado crime organizado, a partir da exclusiva responsabilidade desta ou daquela instituição ignora o problema de caráter sistêmico que temos enfrentado. Respostas pontuais, como nossa saída, caso efetivamente contribua para a guerra contra as facções têm certamente a mim como primeiro apoiador”, prossegue o texto.
Alexandre Correa Mendes foi empossado oficialmente em 1º de abril de 2022, substituindo José Jonildo de Assis, que atualmente é deputado federal pelo União Brasil.
Ainda no texto enviado à tropa, Mendes agradece aos militares como um todo, a quem chamou de “heróis anônimos”, mas dá ênfase especial aos que estiveram ao seu lado no comando da instituição.
“Mais importante que a própria guerra é quem está com você na trincheira ao lado. Quem viveu comigo dias de trabalho incansável contra o crime organizado acima de tudo”, afirma no texto.
O comandante aproveitou a oportunidade para fazer uma crítica à legislação brasileira, que ele afirma promover a impunidade de forma obscena.
“Demos a testa à essa luta com os meios e a profundidade que a legislação permite, e aqui, neste ponto, reside todos os porquês pelos quais defendemos todas as nossas ações nesses quase três anos: prendemos e prendemos muito, mas temos uma legislação obscena em matéria de impunidade, sejamos francos”, afirmou.
Ainda não informação oficial da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) ou do Governo do Estado sobre quem deverá substituir Alexandre Mendes.