A movimentação do governador Mauro Mendes (União) em buscar o apoio nacional do PL para a sua candidatura à reeleição ‘implodiu’ a base de sustentação do seu governo.
Isso porque, menos de 24 horas após se reunir com o presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto, para negociar o apoio de Bolsonaro em troca de ceder a vaga ao Senado para Wellington Fagundes, siglas como PP, MDB e PSD reafirmaram o apoio à candidatura de Neri Geller (PP). Líderes desses partidos exigiram uma reunião de emergência com o chefe do Paiaguás nesta sexta-feira (11).
A reação dos apoiadores de Geller foi imediata. O ex-ministro Blairo Maggi (PP) foi categórico ao afirmar que o projeto de Neri independe de Mauro Mendes.
“A candidatura do Neri nunca ficou dependente do apoio do governador. É óbvio que se tiver é sempre melhor, um grupo unido. Em uma eleição majoritária se ganha com um grupo, individualmente é muito difícil você fazer esse enfrentamento. Então, se nós tivermos o apoio do governador, ótimo, se não tiver, vamos em frente também”, disse logo após ter participado de uma reunião com o próprio governador e produtores rurais.
Já o cacique do MDB, deputado Carlos Bezerra, criticou indiretamente Mauro Mendes, ao afirmar que, caso ele tenha optado por Wellington Fagundes, ele agiu sem ouvir a sua base.
“Isso é ruim pra ele, porque mostra que ele não dialogou com os seus aliados. A candidatura do Neri Geller [ao Senado] é inegociável”, disse.
A reportagem também conversou com dirigentes do PSD, que reafirmaram que o partido mantém o apoio a Neri ao Senado e que dificilmente mudaria de posição.
Nos bastidores, a leitura que vários aliados de Mendes fazem é que a sua atitude em dialogar com o PL de Bolsonaro sem avisar os seus aliados ocorreu em resposta à decisão do prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) em colocar o seu nome à disposição para ser o candidato de oposição ao governo.
Muitos acreditam que Mendes tenta, com a reunião, vetar que o seu adversário político passe a ser uma opção para Bolsonaro e os bolsonaristas em Mato Grosso. “Com essa movimentação, Emanuel pode recuar, já que a tendência seria Bolsonaro estar dentro do palanque do PL”, disse um interlocutor do Paiaguás, que pediu para não se identificar.