"Já foi tarde demais", diz ex-secretária sobre exoneração de ex-chefe da Casa Civil de MT

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+ Política
Segunda, 15 Maio 2017 | FOLHAMAX

A ex-secretária de Transparência e Combate à Corrupção do Governo do Estado, Adriana Vandoni, afirmou, na noite do último domingo (14), que o ex-secretário-chefe da Casa Civil, Paulo Taques, saiu "tarde demais" da equipe do governador Pedro Taques (PSDB). Vandoni criticou duramente o aliado do tucano e declarou que não lamenta a saída dele.

O Governo do Estado anunciou a saída de Paulo Taques na quinta-feira sob a justificativa de que ele deixaria o cargo para voltar a exercer a advocacia e defender o Executivo Estadual no esquema de interceptações telefônicas ilegais, apurado pela Procuradoria Geral da República (PGR), que envolve membros do primeiro escalão do Executivo. Nos bastidores comenta-se que o ex-chefe da Casa Civil estaria envolvido no esquema de “grampos” irregulares.

Porém, Paulo Taques negou qualquer envolvimento no esquema. Ele disse que sua saída já estava programada.

Por meio de publicação feita em sua página pessoa no Facebook, a ex-secretária Adriana Vandoni comentou sobre o assunto e levantou suspeitas sobre a conduta adotada pelo primo do governador Pedro Taques. "Agora vejo o ex-secretário Paulo saindo dessa forma, mas sabe, gente, nada acontece hoje sem que tenha sido plantado ontem. Por isso que, diferente do que várias pessoas já declararam, não lamento a saída do secretário. Pelo contrário. Exalto e digo: acreditem, ele já foi tarde demais”, comentou.

Na publicação, Adriana mencionou a postura que adotou durante o período em que esteve à frente da Secretaria de Transparência e Combate à Corrupção do Governo, cargo que deixou em dezembro passado. “Desde que aceitei entrar no governo tinha isso bem claro e por ter essa base muito sólida em mim, consegui observar o comportamento dos outros e dizia (disse em mais de duas ocasiões) que todos que estavam ali tinham entrado por merecimento - técnico ou até indicação política (que não é crime e nem menos nobre!), mas a saída cada um escolheria como iria ser”, asseverou.

Ela destacou que sempre esteve ciente das consequências que poderiam ser trazidas àqueles que não tivessem atitudes lícitas no Executivo. “Se iria sair maior que entrou, com mais conhecimento, com conquistas, com dignidade, ou se sairia pela porta dos fundos cheio de suspeitas ou até preso. Meu limite é a minha história que é meu maior patrimônio, o patrimônio moral”, declarou.

A ex-secretária do Estado pontuou que acompanha a política desde gerações passadas de sua família e por isso sempre soube das consequências negativas que poderiam ser trazidas. “Sabe pessoal, desde muito nova convivi com o poder. Meu pai, meu tio, tio-avô, meu irmão, minha irmã, outro tio e mais outro. E desde muito cedo também aprendi que isso era apenas um trabalho e que o tal "poder" que muitos enxergam em altos cargos é ilusionista e efêmero. Ele ilude alguns criando a sensação de ser eterno, mas passa, pois é efêmero”.

“Meu pai, meu tio, tio-avô, meu irmão, minha irmã, outro tio e mais outro, todos saíram dignamente sem nunca serem acusados de crimes”, completou.

Por fim, ela frisou que as denúncias sobre as interceptações telefônicas precisam ser apuradas corretamente, para que seja possível chegar aos nomes envolvidos no esquema criminoso. “As denúncias são, de fato, gravíssimas, mas são denúncias e merecem um apuro que vai além do carimbo do protocolo”, enfatizou.

“BARRIGA DE ALUGUEL”

O esquema de escutas telefônicas ilegais em Mato Grosso investigado PGR teria grampeado ilegalmente, ao menos, 120 pessoas, sem autorização judicial, desde o ano de 2014.

Entre os alvos, estão políticos com mandados, assessores, advogados, jornalistas e até policiais. Também estão na lista membros dos mais variados poderes e até mulheres que trabalham em cargos comissionados no Governo.

A suposta irregularidade foi denominada como "barriga de aluguel". Nela, a inteligência da PM solicitava interceptações de eventuais criminosos – no caso, uma quadrilha de tráfico de drogas e, posteriormente de assaltantes – e incluía nomes de outros alvos.

O ex-secretário de Segurança, Mauro Zaque, foi o responsável por encaminhar denúncia à PGR, na qual afirmou que Pedro Taques tinha conhecimento sobre o esquema criminoso. Para o promotor, o governador teria cometido o crime de prevaricação. Porém, Taques afirmou que Zaque fraudou o protocolo no qual afirmou que ele sabia dos “grampos” ilegais e disse que irá protocolar representação contra Zaque no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e na Procuradoria Geral de Justiça.

 

 

 
 
 
 
 
 
 
 
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