O presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, deputado Eduardo Botelho (PSB), confirmou que alguns membros estaduais do Partido Socialista Brasileiro devem migrar para o Democratas em outubro. Apesar da mudança de parte do grupo, Botelho criticou a posição do ex-prefeito de Cuiabá, Mauro Mendes, que ainda não definiu seu futuro no PSB. “O Mauro é uma estrela, que está lá em cima e não quer conversar política”, reclamou.
De acordo com Eduardo Botelho, está praticamente selada a mudança dele, deputado federal Fábio Garcia e secretário de Estado de Trabalho e Assistência Social e deputado estadual licenciado, Max Russi, para o Democratas. "Acredito que em dois meses, no início de outubro, devemos estar com tudo definido”, declarou, na manhã desta quarta-feira (2), em entrevista à rádio Capital FM.
A debandada dos integrantes do PSB de Mato Grosso ocorre em razão de diversos imbróglios dentro da sigla nos últimos meses. O impasse teve início após o diretor nacional da legenda, Carlos Siqueira, destituir todos os membros da executiva estadual, que era composta pelo presidente, deputado federal Fábio Garcia, pelo também deputado federal Adilton Sachetti, pelos parlamentares estaduais Oscar Bezerra, Eduardo Botelho e Max Russi e pelo ex-prefeito Mauro Mendes. O caso aconteceu depois que Fábio Garcia desobedeceu uma orientação da sigla e votou a favor da reforma trabalhista proposta por Michel Temer (PMDB).
Depois, Carlos Siqueira colocou Valtenir Pereira na presidência regional do PSB. O caso gerou novo imbróglio entre os outros membros do PSB em Mato Grosso, que mostraram-se contrários à decisão. Logo que assumiu o comando da legenda, Valtenir adotou diversas medidas polêmicas, que foram alvos de duras críticas dos antigos membros da diretoria do PSB.
O novo presidente destituiu todos os diretórios municipais no Estado e anunciou que o partido, que até então apoiava o governador Pedro Taques (PSDB), migraria para a oposição. Em 17 de julho, o deputado federal Fábio Garcia conseguiu liminar que permitiu que ele retomasse a liderança estadual.
Dias depois, porém, um juiz de Brasília determinou seu retorno ao comando do partido no Estado. Desde que as dificuldades tiveram início, membros do PSB passaram a dialogar com diversos partidos.
O Democratas mostrou-se mais receptivo ao grupo dissidente e mais aberto a atender as exigências dos políticos, entre elas a ocupação de cargos relevantes na legenda e a chance de disputar cargos majoritários no Estado. O deputado Eduardo Botelho detalhou que ele, Fábio Garcia e Max Russi tiveram diversas conversas com os ex-governadores Júlio e Jaime Campos e o deputado estadual Dilmar Dal Bosco, líderes do DEM no Estado.
Nos diálogos, o parlamentar contou que ficou definido o espaço que o grupo terá na nova legenda. "Vai haver espaço, vamos dividir por região. Já conversamos bastante. Caso a gente vá, esses espaços estão bem abertos para os deputados ou membros do PSB que queiram ir”, explica.
ESTRELA E CHAPA
Em relação à ida de Mauro Mendes ao Democratas, Botelho foi enfático e criticou o colega. "O Mauro eu não sei. Ele é uma estrela, que está lá em cima e não quer conversar política agora. Ele quer que no ano que vem a gente chame ele e diga: Mauro, tem um cargo de governador ou senador aqui pra você. Eu acho que só pode ser isso porque ele não tem conversado política. Ele só quer conversar no ano que vem”, relatou.
Apesar de acreditar que o ex-prefeito possa estar focado na carreira de empresário, Botelho afirmou que Mendes também deveria dar atenção à vida política. "Ele está mexendo com as empresas, tem os problemas dele, a gente entende, mas a política tem que ser construída neste ano. Ele também tem que entender isso porque a gente tem que conversar pra tomar um rumo. Estamos aqui correndo e ele tem que participar disso”.
Caso Mendes também decida migrar para o DEM, Botelho explicou que há cargos de destaque para Mendes na sigla. “Se ele quiser, a vaga e o espaço dele dentro do partido estão garantidos e a sua condição de líder também”, comentou.
Em relação aOS outros membros descontentes no PSB, como os deputados estaduais Oscar Bezerra e Mauro Savi e o deputado federal Adilton Sachetti, o presidente do Legislativo contou que ainda não definiram o futuro. "Gostaria muito que viessem, mas ainda não está selado com eles. Mas nós gostaríamos que viesse todo o PSB, inclusive o Mauro Mendes”.
Sobre a disputa eleitoral do próximo ano, caso o grupo migre para o DEM, Botelho negou que possa haver imbróglios na definição dos nomes que disputarão os cargos majoritários no Estado. "Temos cargo de governador, vice-governador, duas vagas de senadores, temos suplentes de senador, então temos bastante vagas para majoritários e dá para acomodar todos, sim. É lógico que não são todos que querem, mas ao menos os que estiverem melhores, mais condições e os que agregarem mais politicamente. A pessoa tem que trabalhar politicamente para agregar. Não é só chegar no ano que vem e falar 'olha, meu nome está aqui, sou candidato a senador e coloca aí'. Não entendo a política funcionando desse jeito. Ele tem que articular, fazer o trabalho junto com o partido, com os companheiros, para que o nome dele se torne viável, ou então, quem quiser que procure e coloque seu nome em partido. Mas dentro do nosso partido, a conversa é essa, que vai ser uma construção daqueles que trabalharem mais dentro do partido e dos diretórios”, disse Botelho, expressando uma opinião que pode ser entendida como uma indireta ao ex-prefeito Mauro Mendes.