O Primeiro suplente da vaga de Gilmar Fabris (PSD) na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), Meraldo Sá, também do PSD, que assumiu a vaga nesta terça-feira (26), disse que não quer ocupar o gabinete de Fabris, que está preso desde o dia 15 deste mês por suspeita de obstrução da Justiça, em respeito ao colega.
"É difícil para mim porque assumo no lugar de um amigo que está preso. Também não sei por quanto tempo ficarei no cargo, então vou respeitá-lo e não vou usar o gabinete dele", afirmou Meraldo, que é ex-prefeito de Acorizal, a 59 km de Cuiabá e ex-presidente da Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM).
Ele disse que vai pedir à Presidência da Casa de Leis outra sala do prédio, onde irá despachar. "Sou solidário, mas o regimento prevê que devo assumir, então, vou assumir, mas quero que o presidente arrume outra sala para mim, para que eu não mexa das coisas dele. Não quero colocar o carro na frente dos bois. A vaga é dele, sou só suplente", declarou.
Meraldo afirmou que não vai trocar os assessores de gabinete e que solicitará a contratação de algumas pessoas para atuar no gabinete dele. "Quero um assessor jurídico, um assessor de gabinete, com conhecimentos técnicos, para me ajudar. Preciso de estrutura mínima para trabalhar e já ficarei satisfeito. Preciso de uma sala com computador, recepção com um telefone", pontuou.
Essa é a segunda vez que ele assume vaga na Assembleia. Desta vez, disse que pretende acompanhar de perto a discussão sobre a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) do Teto de Gastos e os repasses da saúde para os municípios do interior do estado.
Deputado Gilmar Fabris está preso no Centro de Custódia de Cuiabá (Foto: Marcos Lopes/ALMT) Deputado Gilmar Fabris está preso no Centro de Custódia de Cuiabá (Foto: Marcos Lopes/ALMT)
Deputado Gilmar Fabris está preso no Centro de Custódia de Cuiabá (Foto: Marcos Lopes/ALMT)
Prisão de Fabris
O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a prisão do deputado Gilmar Fabris no último dia 14, mesmo dia da operação Malebolge, deflagrada pela Polícia Federal para investigar um esquema de corrupção no governo de Mato Grosso, mediante negociações de propinas, crimes financeiros e lavagem de dinheiro.
Gilmar Fabris foi citado pelo ex-governador Silval Barbosa (PMDB) em acordo de delação com a Procuradoria Geral da República (PGR) como um dos supostos beneficiados com o recebimento de propina de verba desviada por meio de programa de pavimentação asfáltica MT Integrado.
Inclusive, ele aparece em vídeos entregues pelo ex-governador à PGR como provas materiais do esquema de corrupção no governo.
Gravado por uma câmera escondida na sala do ex-chefe de gabinete de Silval Barbosa, Silvio Cezar Corrêa, Fabris reclama do valor entregue pelo ex-chefe de gabinete, que era responsável pelo pagamento de propina e outras vantagens indevidas a políticos durante a gestão de Silval Barbosa, e questiona sobre os R$ 100 mil que seriam pagos a ele.
Segundo Silval Barbosa, Fabris é um dos sete deputados estaduais que, entre 2012 e 2013, o procuraram e exigiram dinheiro de propina de obras da Copa do Mundo de 2014 e do programa MT Integrado para aprovar as contas do Executivo durante a gestão dele.