O decreto de Mendes foi aprovado pela Assembleia Legislativa em janeiro, mas já em maio o próprio Ministério da Economia anunciou que o entendimento do Tesouro é que a decretação de calamidade financeira não abre aos governadores a possibilidade de parcelar ou atrasar dívidas, nem suspender gastos, nem descumprir os limites da lei, justamente o que Mauro Mendes viabilizava.
Mais Brasil, menos Brasília
O presidente Jair Bolsonaro, durante a campanha e em suas palavras após o resultado das urnas, cunhou uma máxima: “mais Brasil e menos Brasília”. A frase apontava para a descentralização dos poderes da União sobre os estados e entusiasmou governadores.
Na prática, o slogan da campanha de Bolsonaro significaria reduzir o poder de decisão e uso de recursos do governo federal e aumentar a autonomia de estados e municípios. Até hoje, no entanto, seis meses após tomar posse como presidente da República, o Governo ainda não apresentou um projeto sobre a reforma do Estado.
Tal mudança passa pela rediscussão do Pacto Federativo, que é a maneira como os recursos são distribuídos entre as esferas administrativas. Em março, o Governo chegou a anunciar o envio de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) ao Congresso, mas recuou para que a Reforma da Previdência fosse tratada pelos parlamentares como prioridade.
Enquanto isso, sete estados, incluindo Mato Grosso, continuam em calamidade financeira. Com as contas no vermelho, Mauro Mendes – um dos governadores que mais defende a reforma previdenciária – viu esta semana os estados e municípios serem retirados da PEC da Previdência.
Conforme o ministro Tarcísio de Freitas, Mato Grosso é prioridade para o Governo Bolsonaro. O Estado, no entanto, ainda aguarda a liberação de uma série de recursos, entre eles o do Auxílio Financeiro de Fomento das Exportações (FEX), cujos atrasados somam R$ 450 milhões.