Vigilante morre com suspeita de Covid-19 em calçada e corpo é embalado e deixado no localUm vigilante morreu na calçada de um restaurante onde trabalhava no Bairro Alvorada, em Cuiabá, nesta quinta-feira (11). Antônio Onofre de Arruda Moreno, de 61 anos, estava com suspeita de Covid-19.
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) esteve no local e, segundo testemunhas, a equipe embalou o corpo e deixou na calçada. Tempo depois, a família foi comunicada da morte por meio da polícia e foi até o local para fazer os procedimentos de retirada do corpo junto a funerária.
O Samu, por meio da Secretaria Estadual de Saúde (SES-MT), informou que o procedimento tomado pela equipe é padrão.
"A equipe do Samu atestou o óbito e, como havia suspeita de Covid-19, providenciou o ensacamento do corpo, sendo este um procedimento padrão devido à pandemia", explica.
De acordo com a secretaria, o corpo ficou sob a guarda da polícia até a chegada da empresa funerária para a retirada do corpo.
Segundo uma sobrinha da vítima, que não quis ter a identidade divulgada, Antônio comentou com a família, nesta semana, que estava sentindo dores no peito, mas preferiu não ir ao hospital.
Saúde em MT entra em colapso
Conforme o boletim registrado pela Polícia Militar, o idoso estava com uma sacola de medicamentos para tratamento da Covid-19. O Samu constatou a morte dele ainda no local e também registrou a morte por suspeita da doença.
No entanto, a família contou que Antônio tinha outros problemas de saúde, como diabetes, depressão e problemas no coração, por isso, eles suspeitam que o idoso também possa ter sofrido um ataque cardíaco.
“Não sabemos se ele procurou o hospital. Ele não nos disse nada antes, ainda estamos procurando saber”, disse.
A sobrinha de Antônio contou ainda que o pai dela havia entregado um remédio para o tio que servia para o tratamento de Covid, “como forma de prevenção”, porque ele havia reclamado de dores no peito.
Pais e responsáveis estão cobrando a Prefeitura de Cuiabá sobre a distribuição dos kits alimentação para alunos da rede pública da capital. De acordo com as reclamações, recebidas nesta quinta-feira (11), as aulas começaram no dia 8 de fevereiro e até o momento, os estudantes não receberam a merenda escolar.
Mesmo com aula de forma online, os alunos têm direito a alimentação escolar, que deve ser retirada pelos pais dos alunos na escola onde as crianças estão matriculadas. A vereadora Michelly Alencar (DEM) recebeu as denúncias e cobrou a prefeitura.
Os pais foram informados pelos diretores das unidades escolares que os kits alimentação só podem ser fornecidos para famílias cadastradas no Bolsa Família ou demais programas sociais, segundo repassado pela Secretaria Municipal de Saúde.
Contudo, muitas famílias, ainda que passem por problemas financeiros, não conseguem se cadastrar nos programas e acabam ficando sem a merenda. É o caso de Luana*, que matriculou o filho na Escola Municipal de Educação Básica (Emeb) Antônia Tita, no bairro Jardim Florianópolis.
A mãe está desempregada desde o ano passado, quando foi demitida de um estágio por conta da crise desencadeada pela pandemia da covid-19. O marido trabalha em um mercado e recebe um salário mínimo, e mesmo assim não foi aprovado no Bolsa Família.
Quando seu filho estava na creche municipal, ele ainda recebia merenda. Ela relata que outras famílias passam pela mesma situação. “Tem gente que tem mais filhos que eu. Por exemplo, tem uma mãe com várias crianças, tentou a bolsa e não conseguiu. Ela ganha cesta de outra escola, mas mesmo assim é revoltante”, opina.
Ela ainda cita as dificuldades causadas pela pandemia. “Tem gente que precisa [da merenda] bem mais do que eu, que não tem renda nenhuma, ainda mais com essa pandemia”.
A autônoma Rosana Fernandes também tem um filho matriculado no 6º Ano, na Emeb Antônia Tita. De acordo com ela, o filho sempre recebeu merenda. Agora, não tem mais o benefício. “No último dia para rematrícula, no ano passado, eles falaram que o sacolão era para todos os alunos. Foi a única vez que recebemos”, relembra.
Mesmo com matrícula no Centro de Referência de Assistência Social (Cras), Rosana não foi contemplada com a merenda escolar. “A diretora fala que só recebe sacolão quem tem Bolsa Família e eu tenho cadastro do Cras, por isso não sei se procede a informação. Porém, não está liberado pra mim”, conta.
Ela também avalia que o kit alimentação deveria se estender para todas as crianças, além das famílias que recebem o Bolsa Família, uma vez que muitas famílias estão sofrendo com a crise causada pelo novo coronavírus. “Tem muita gente passando dificuldade”.
A alimentação escolar é um direito garantido na Constituição. Inclusive, com recurso garantido para isso. Na Lei Orçamentária Anual de 2020, por exemplo, estavam previstos R$ 14 milhões para a Prefeitura de Cuiabá aplicar em alimentação da educação infantil e ensino fundamental, via Programa Nacional de Alimentação Escolar, o PNAE, e também recursos da fonte própria.
Outro ponto é que a prefeitura, no ano passado, estava montando os kits apenas com produtos secos. Os produtos frescos, como frutas, verduras e carnes, praticamente não existiam nos kits oferecidos às famílias. Isso afeta também os produtores da agricultura familiar que são fornecedores da prefeitura e deixam de vender.
“Nem todas as famílias têm a necessidade do kit alimentação, mas esse kit precisa estar disponível para todos, é um direito dos nossos estudantes”, cobrou a vereadora.
A vereadora já encaminhou requerimento à Prefeitura solicitando informações e também irá levar o caso a outros órgãos de controle.
Veja nota da prefeitura
Em relação à distribuição do Kit da Alimentação Escolar, a Prefeitura de Cuiabá, por meio da Secretaria Municipal de Educação, informa que: Em relação à distribuição do Kit da Alimentação Escolar, a Prefeitura de Cuiabá, por meio da Secretaria Municipal de Educação, informa que:
1. Dará continuidade ao programa instituído no ano passado, de forma pioneira, logo após a suspensão das atividades presenciais nas unidades educacionais da rede pública municipal de ensino, em razão da pandemia provocada pelo coronavírus.
2. O processo de licitação para o ano de 2021 encontra-se na fase de conclusão, aguardando a homologação.
3. O Kit da Alimentação Escolar é entregue para alunos em situação de vulnerabilidade social - beneficiários do Programa Bolsa Família do Governo Federal, conforme estabelecido no Termo de Compensatórias Educacionais, assinado junto ao MP.
4 . O Kit contém itens não perecíveis que fazem parte do cardápio da Alimentação Escolar.
*A fonte preferiu não se identificar por medo de represálias
Pelo que ela sabe, o tio não chegou a fazer exames para Covid-19 e fazia a prevenção da doença por conta própria.
O corpo foi levado para o Serviço de Verificação de Óbitos (SVO) de Cuiabá para exames, que devem apontar as causas da morte. O enterro está previsto para a manhã dessa sexta-feira (12).
Casos de Covid-19 em MT
A Secretaria Estadual de Saúde (SES-MT) notificou, até a tarde desta quinta-feira (11), 269.155 casos confirmados da Covid-19 em Mato Grosso, sendo registrados 6.222 mortes em decorrência do coronavírus.
Foram notificadas 2.104 novos casos de Covid-19 e 49 mortes nas últimas 24 horas.