Após dois dias cobrando pedágio, índios liberam rodovia de MT
Os índios da etnia Nhambiquara liberaram o trecho da BR-174 no município de Comodoro, a 677 km de Cuiabá, no final da tarde desta segunda-feira (20), após reunião com a PRF-MT (Polícia Rodoviária Federal), Funai (Fundação Nacional do Índio) e indígenas. A informação é da PRF-MT, que não deu mais detalhes sobre o encontro. Os índios estavam cobrando pedágio de R$ 25 para carros pequenos e até R$ 50 para caminhões, e impediram o tráfego com galhos de árvorfes e arcos e flechas.
A interdição na rodovia, mais especificamente no Km 511, começou o último domingo, dia 19 de abril, quando é comemorado o Dia Nacional do Índio. A BR-070 também ficou bloqueada durante o domingo, mas o movimento não continuou durante essa segunda-feira. Nas 32 aldeias da etnia Nhambiquara daquela região vivem 2.340 indígenas, divididos nos grupos Cerrado e Vale do Guaporé.
Após o pagamento de pedágio, os índios deram recibo aos motoristas no qual faziam o alerta de que, em caso de perda do comprovante, seria feita novamente a cobrança. "Obrigatória a apresentação deste no retorno. Em caso de perda, será cobrada a taxa novamente", diz o recibo
A expectativa do índios era arrecadar R$ 500 mil para encascalhar as estradas que dão acesso às aldeias da região. Até o final da manhã desta segunda-feira, havia sido arrecadado metade do valor almejado pelos nhambiquaras, segundo informou o presidente da Associação dos Povos Indígenas Nhambiquara da Reserva Ecológica (Apinare), Anael Nhambiquara Halotesi.
Durante os dois dias de bloqueio, a orientação da PRF-MT era para que os motoristas, depois de pagarem pedágio, registrassem boletim de ocorrência na delegacia mais próxima pelo crime de extorsão. Porém, segundo a PRF-MT, somente um boletim foi registrado, depois que um motorista teve o carro danificado pelos índios.
Chuvas
Conforme os índios, as estradas ficam praticamente intransitáveis no período de chuva, prejudicando principalmente o transporte de crianças para a escola. Por isso a necessidade de colocar cascalho na rodovia. O líder indígena Halotesi disse ao G1 que antes de ser iniciada a cobrança de pedágio, foram encaminhados ofícios para a Prefeitura de Comodoro pedindo a manutenção das estradas vicinais. Segundo ele, isso nunca foi feito.
O G1 tentou entrar em contato com a prefeita de Comodoro, Marlise Marques, mas ela não atendeu às ligações.