Silval Barbosa diz que não tem vergonha de ser preso e que vai comprovar sua inocência
O ex-governador Silval Barbosa deixou a Delegacia Fazendária (Defaz) às 21h20 desta quinta-feira (17) afirmando que é inocente e não está nem um pouco envergonhado de sua prisão. Ele ficou cerca de quatro horas prestando depoimento para os investigadores da Polícia Civil e, segundo seus advogados, permaneceu calado.
O ex-governador deixou a Defaz escoltado por policiais civis, sob um forte esquema de segurança, mas sem algemas. De lá, ele vai para o Instituto Médico Legal (IML) passar por exames de corpo delito e, em seguida, será levado para uma cela especial no Corpo de Bombeiros. Cercado por jornalistas, Silval disse apenas que não está "nem um pouco envergonhado. Sou inocente perante as acusações feitas pelo Ministério Público. Vou comprovar minha inocência".
Silval se entregou na tarde desta quinta, após ficar dois dias sendo considerado foragido da Justiça. Segundo o advogado Valber Melo, que compõe a defesa do ex-governador, "ele estava em trânsito para cá. No momento do cumprimento ele não estava em casa e não se apresentou", conta Valber, explicando que avisou à Justiça por escrito que Silval iria se entregar tão logo retornasse para Cuiabá.
Quanto à cela especial no Corpo de Bombeiros, o advogado explica que foi resultado de um pedido por escrito da defesa de Silval, "por conta da integridade fisica dele, já que quando ele foi Governador do Estado ele combateu a criminalidade e o tráfico, então não seria interessante ele ficar em outros lugares", disse o advogado Valber Melo.
Ulisses Rabaneda, outro advogado de Silval, afirmou que o ex-governador se entregou por vontade própria e os advogados só chegaram ao Fórum de Cuiabá cerca de uma hora depois, a pedido do cliente.
Já há um Habeas Corpus Preventivo impetrado pela defesa do ex-governador no Tribunal de Justiça de Mato Grosso. O pedido de liberdade será analisado pelo desembargador Alberto Ferreira, que ainda não decidiu sobre o caso.
A esposa de Silval, Roseli Barbosa, também ficou detida no mesmo local entre os dias 21 e 26 de agosto, quando foi presa na Operação Ouro de Tolo, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) para investigar um esquema que teria desviado cerca de R$ 8 milhões da Secretaria de Trabalho e Assistência Social, que foi comandada por Roseli durante a gestão Silval.
SODOMA
A "Operação Sodoma" é parte de um inquérito policial que investiga a existência de uma quadrilha formada por agentes públicos que ocuparam cargos do alto escalão do Governo do Estado durante os anos de 2013 e 2014. Neste período, eles teriam cometido uma série de crimes, entre corrupção e lavagem de dinheiro.
Segundo o secretário-geral do Cira, promotor Fábio Galindo, a investigação começou há mais de quatro meses, no âmbito do Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos (Cira), e conta com um robusto acervo de provas da participação dos investigados. Para conseguir levantar as provas foram empregadas as mais modernas técnicas de inteligência policial.
Foram expedidos mandados de prisão contra o ex-governador Silval Barbosa e os ex-secretários Pedro Nadaf e Marcel de Cursi. A responsável pelas prisões foi a juíza Selma Rosane de Arruda, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, que também decretou mandados de busca e apreensão e condução coercitiva. Um dos alvos de buscas foi o apartamento do ex-governador no bairro Jardim das Américas, em Cuiabá.
O nome da operação é uma referência à cidade de Sodoma, que foi destruída em razão dos elevados níveis de corrupção praticada pelos seus moradores.