Seis barragens de MT possuem risco igual à de Mariana
Seis, das 23 barragens de rejeito de mineração instaladas em Mato Grosso, possuem classificação de risco igual à de Mariana (MG), que se rompeu no último dia 5 de novembro e deixou 11 pessoas mortas.
A informação consta de um relatório feito em 2014 pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), que é ligado ao Ministério de Minas e Energia.
De acordo com o monitoramento do governo, as barragens de todo o país recebem uma classificação de A até E pela combinação entre risco de rompimento e dano potencial associado. Uma barragem com baixo risco e baixo dano associado recebe a nota E, enquanto que uma com alto risco e alto dano recebe A.
Conforme o relatório, seis barragens do Estado, assim como a de Mariana, receberam a classificação C.
As barragens de rejeitos com a nota C, em Mato Grosso são: Rejeito Casa de Pedra, em Cuiabá; Dique Finos, em Vila Bela da Santíssima Trindade; B1 e B5, em Nova Lacerda; Barragem EPP, em Pontes e Lacerda e Cava Central, em Poconé. A maioria delas tem como substância principal de exploração o ouro.
Conforme o relatório, outras quatro barragens do Estado receberam classificação D, são elas: Barragem de Lixiviação e Barragem de Flotação, localizadas em Nova Xavantina; Planta, em Rio Branco; e Sallina I, em Poconé.
As demais, localizadas em Poconé, Nossa Senhora de Livramento e Várzea Grande, receberam classificação E, ou seja, em princípio não oferecem risco.
Essas barragens armazenam os resíduos sólidos e água dos processos para extração do minério.
O MidiaNews tentou, mas não conseguiu contato com nenhuma das mineradoras.
O superintendente do DNPM, em Mato Grosso, Márcio Correa Amorim, declarou que as seis mineradoras já foram notificadas pelo órgão no ano passado. Elas ainda possuem um prazo de seis meses para apresentar o Plano de Segurança de Barragem (PSB) e o Plano de Ação Emergencial de Barragem de Mineração (PAEBM), de modo a diminuir a classe de risco.
“Os projetos serão analisados pelo setor técnico do DNPM e, logo depois, uma equipe irá a campo para verificar se as mineradoras estão realmente implementando o que colocaram no papel”, afirmou.
Segundo Amorim, as mineradoras também foram obrigadas a dividir a quantidade do material de resíduos para duas barragens, a fim de evitar o que aconteceu em Mariana.
“Sem perigo”
Apesar da categoria de risco, o superintendente afirmou que as barragens não têm, por ora, perigo de desmoronamento.
“Neste momento, eu não acredito que possa ocorrer o mesmo desastre da barragem em Mariana, com alguma barragem aqui do Estado”, afirmou.
“Mesmo assim, nós manteremos uma fiscalização constante nas barragens, não somente nessas seis, mas em todas as outras”, complementou.
A Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), também informou, por meio da sua assessoria de imprensa, que apesar das classificações do Departamento Nacional de Produção Mineral, nenhuma das barragens de rejeitos de mineração de Mato Grosso corre risco de desmoronamento.
Conforme a assessoria, uma equipe técnica da secretaria também realizou recentemente uma vistoria em todas as barragens e constatou que todas estão funcionando em condições estáveis.
Tragédia em Mariana
Em Minas Gerais, além de 11 pessoas mortas, oito pessoas estão desaparecidos e dois corpos aguardam identificação.
A barragem da Samarco, cujos donos são a Vale e a anglo-australiana BHP, se rompeu, despejando 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério e água.
Várias pessoas ficaram desabrigadas e sofrem com a poluição da água do leito do Rio Doce, que abastece cidades de Minas Gerais e do Espírito Santo.
Há uma semana, a lama que vazou da barragem chegou à foz do curso d'água, no distrito de Regência (ES).