Casos de microcefalia assusta moradora do Distrito do Bauxi
A confirmação da relação entre o zika vírus com o aumento de microcefalia em recém-nascidos tem deixado muitas gestantes mato-grossenses preocupadas e feito com que muitas delas procurem os médicos para tirarem dúvidas e esclarecer sobre a possibilidade de a doença afetar o bebê. Assim como na região Nordeste do país, em Mato Grosso a má-formação congênita avança e já são 67 casos suspeitos registrados apenas de agosto para cá.
"As gestantes estão muito preocupadas. Está havendo uma ansiedade muito grande entre elas, que têm buscado orientação tanto nos consultórios, como nos postos de saúde", informou o ginecologista e obstetra Luiz Augusto Menechino. "O medo é grande e está ficando assustador, até por conta da ansiedade entre as gestantes", acrescentou.
Moradora de Rosário Oeste (218 km de Cuiabá), a professora Leidiane Clemente Araújo, 33 anos, esteve ontem em uma clínica localizada na capital para uma consulta de pré-natal com seu médico. Grávida de oito meses, ela reconhece a preocupação. “A gente fica muito preocupada justamente por ser algo novo e que ainda está em estudo sobre as causas e efeitos”, disse.
Outra preocupação é com o mosquito transmissor do zika vírus, o Aedes aegypti. “Moro na zona rural de Rosário Oeste e lá há muito mosquito. A incidência do vetor é grande. Estive até conversando com o médico sobre isso e tenho usado repelente diariamente para me proteger”, disse a gestante. Detalhe: ela não consegue realizar o pré-natal em sua própria cidade.
Segundo Menechino, embora a relação da microcefalia com o zika vírus já tenha sido confirmada pelo Ministério da Saúde, tudo o que se fala sobre o surto da doença ainda é muito novo e carece de melhores estudos. Assim, o momento é de prevenção e precaução.
USO DE REPELENTES - No caso das gestantes, ele destaca a importância do uso de repelentes, especialmente os que contêm citronela na fórmula. "O Ministério da Saúde tem dito que nenhum repelente acarreta problema para o feto e a orientação é que seja usado três vezes ao dia", afirma o médico, que também recomenda passar o produto sobre a roupa.
Para quem pretende engravidar, a recomendação é esperar até que todos os estudos sobre os casos sejam realizados e, as dúvidas, esclarecidas. Não há um prazo estabelecido, mas Menechino lembra que infectologistas de São Paulo têm orientado que essa espera seja de pelo menos dois anos.
Já as gestantes que apresentarem os sintomas da dengue ou do zika vírus devem procurar o médico imediatamente, manter uma boa hidratação, observar se há algum sangramento e jamais fazer uso de medicamentos à base de ácido acetilsalicílico (o que é válido para todas as pessoas com sinais das doenças).
CAUSAS - Bebês com microcefalia nascem com perímetro cefálico menor do que a média. O problema pode ser provocado por uma série de fatores, desde desnutrição da mãe e abuso de drogas, até infecções durante a gestação, como rubéola, toxoplasmose e citomegalovírus. Hoje, conforme já comprovado, também pelo zika vírus. Outro fator é a desnutrição grave durante a gravidez.
Não há nenhum tratamento para a microcefalia, mas a intervenção precoce com terapias de suporte, tais como fonoterapia e terapia ocupacional, podem ajudar a melhorar o desenvolvimento e a qualidade de vida da criança.
Vale lembrar que algumas crianças com microcefalia têm inteligência e desenvolvimento normais. Porém, dependendo da causa e gravidade da microcefalia, as complicações podem incluir atrasos de desenvolvimento neuromotor, dificuldades de coordenação e equilíbrio, nanismo ou baixa estatura, distorções faciais, hiperatividade e retardo mental.