Eder Moraes se cala ao deixar cadeia e defesa diz que monitoramento não foi burlado
O ex-secretário de Estado Eder Moraes acaba de deixar o Centro de Custódia da Capital (CCC), onde permanecia preso desde o último dia 3 de junho. Moraes optou por permanecer calado ao deixar o sistema prisional, em uma estratégia traçada com sua defesa. Ele abraçou a esposa, fez um breve aceno à imprensa e entrou mno carro. Apesar disso, seu advogado Ricardo Spinelli declarou que o monitoramento eletrônico feito no réu jamais foi burlado.
A tornozeleira eletrônica foi instalada em Eder ainda no interior do CCC. Sua esposa chegou ao local por volta das 20h, para acompanhar a soltura. Os advogados e o oficial de Justiça chegaram logo na sequência. O que atrasou um pouco mais a liberdade do ex-secretário foi a chegada dos servidores que fizeram a instalação do instrumento de monitoramento eletrônico.
“O Eder ele sempre cumpriu fielmente as condições que foram impostas, as regras do monitoramento eletrônico. Não houve nenhum descumprimento”, afiançou Spinelli em entrevista ao Olhar Direto. Ele foi preso preventivamente pela Polícia Federal em dia 04 de dezembro de 2015, por violar, segundo a denúncia, 92 vezes a tornozeleira eletrônica. Ele teria deixado que o equipamento ficasse sem bateria por longos períodos, o que interrompia o rastreamento dos seus movimentos.
Em maio deste ano, foi posto em liberdade por decisão de Dias Tóffoli. Porém, 25 dias depois, tornou a ser preso. A revogação de liberdade provisória foi determinada pelo magistrado Jeferson Schneider, mediante reanálise de pedido de prisão, formulado pelo Ministério Público Federal (MPF).
Para a defesa de Eder, o ex-secretário foi preso injustamente, pois não teria violado o sistema de monitoramento. A tornozeleira é que falhou, segundo Ricardo Spinelli, e a despeito de uma comunicação do réu da Ararath, uma vistoria não foi feita no aparelho. “O Eder ligou para a central de monitoramento. Existe extrato de ligação juntado nos autos. Também fiemos a comprovação que aquele número discado é da central de monitoramento. Então ele comunicou o problema técnico e por isso a razão maior de ser feito uma perícia. E não foi feito”.
Operação Ararath:
A operação investiga um complexo esquema de lavagem de dinheiro - cuja estimativa de movimentação ultrapassa R$ 500 milhões ao longo de seis anos – para o ‘financiamento’ de interesses políticos no Estado, cujo arquiteto seria Éder Moraes.
Também apura a realização de pagamentos ilegais, por parte do Governo de Mato Grosso, para empreiteiras. Além do desvio desses recursos em favor de agentes públicos e empresários, utilizando instituição financeira clandestina.
Durante as investigações, a PF descobriu um esquema de lavagem por meio de empresas de ‘factoring’ e combustíveis comandadas pelo empresário Júnior Mendonça, que, posteriormente, seria beneficiado com a delação premiada.
Uma lista apreendida pela PF aponta que pelo menos 70 empresas utilizaram ‘recursos’ oriundos de esquemas fraudulentos de empréstimos.
Documentos apontaram a utilização de complexas medidas de "engenharia financeira", praticadas pelos investigados, com o objetivo de ocultar a real destinação dada a valores de precatórios pagos pelo Governo de Mato Grosso, em nítida violação à ordem cronológica e determinações legais.