A Penitenciária Central do Estado (PCE) está superlotada e, durante a Operação Elisson, contra o crime organizado, em curso dentro da unidade, os presos estão, o tempo todo, trancados nas celas, sem banho de sol, sem visita de familiares e nem ventiladores. Estão também, visivelmente, apreensivos, sem notícias da família, já que os celulares foram apreendidos. Na rotina, usam clandestinamente os aparelhos, contrariando a lei. Mas, o "exército" que atua na PCE retirou, além de celulares apreendidos, as tomadas, usadas tanto para carregar a bateria deles, quanto ligar os ventiladores. Porém, não há indicativo de que os internos estejam sendo agredidos fisicamente.
Esta é a impressão da Defensoria Pública que compôs a comitiva que, de surpresa, entrou na unidade prisional, por volta das 9h da manhã desta sexta (16) e saiu às 11h. Além de dois defensores, a comitiva foi formada também por representantes do Governo, Judiciário e Ministério Público Estadual.
O secretário de Segurança Pública, Alexandre Bustamante, o juiz da Vara de Execuções Penais, Geraldo Fidelis, e o desembargador Orlando Perri integraram a comitiva, mas, na saída, não falaram com a imprensa, assim como os promotores que atuam na Execução Penal, Josane Fátima Guariente e Rodrigo de Araújo Braga Arruda.
Já o defensor público André Rossignolo relatou ao que, diante da tensão social causada pela operação, a visita tinha como finalidade verificar o clima dentro da unidade prisional e se tudo estava transcorrendo conforme a lei.
"Visitamos alguns raios. Eles estão trancados, ainda sem o banho de sol, a unidade está bem superlotada, são mais de duas mil e quatrocentas pessoas aí dentro e isso causa inquietação", relata o defensor.
A PCE tem capacidade para 850 detentos e recebe, atualmente, um número de "hóspedes" 3 vezes maior que isso.
Quando à climatização do ambiente, o defensor disse que o Estado reporia a ventilação, mas, segundo ele, sabe-se que isso leva tempo.
Apreensão
Na visita, os presos perguntaram sobre os familiares e o prazo da operação. "Tentamos tranquilizá-los, na medida do possível, com a falta de informação oficial. Mas o clima está tranquilo, levando em conta que é uma unidade penitenciária, mas lógico que todos estão apreensivos", diz o defensor Rossignolo. A operação corre sob sigilo. Formalmente não se sabe qual é o cronograma da intervenção.
O defensor informou também que será agendada uma reunição com representantes do Judiciário, Ministério Público e da OAB de Mato Grosso, para esta sexta ou mais tardar o início da semana que vem para tomada de decisões.
Nesta manhã, familiares de presos, que estavam em vigília na porta da PCE, dispersaram. Conforme apurou o , alguns obtiveram informações sobre a situação de parentes e foram embora. Outros estariam articulando protestos fora dali.