A Polícia Militar deteve Brendon Kayke Vieira Dutra, 23 anos completados hoje, durante uma audiência dentro do Fórum de Cuiabá, na tarde desta quinta-feira (10). Ele estava na posse de dois microcelulares, presos por fitas durex, dentro de um par de chinelos. Detalhe: Vieira Dutra já é reeducando da PCE (Penitenciária Central do Estado) e tentava retornar para dentro da cadeia com os aparelhos e seus respectivos carregadores.
A audiência foi realizada na 12ª Vara Criminal de Cuiabá. No caso, o membro do Comando Vermelho é acusado de homicídio doloso.
A PJC (Polícia Judiciária Civil) investiga o caso para tentar determinar quem foram as pessoas responsáveis por criar o plano, realizar a operação do esquema e enfim entregar o par de chinelos ao detento. Até agora, a informação oficial é que a esposa de Brendon, a fisioterapeuta Cleiza de Lima, foi a responsável por entregar-lhe o calçado.
Segundo as informações preliminares, a fisioterapeuta, conhecida como "Bibi de VG" aproveitou a audiência para "matar a saudade" do marido. Durante um abraço regado a um "beijão", eles trocaram os chinelos.
O flagrante foi dado pelos agentes penitenciários que faziam a escola de Brendon. Diante disso, o acusado e a esposa foram levados para Central de Flagrantes, onde foi registrada a ocorrência.
MEMBRO DO COMANDO VERMELHO
Brendon é integrante conhecido da facção criminosa batizada como CV MT (Comando Vermelho de Mato Grosso) e condenado a 25 anos e quatro meses de prisão pelo assassinato do cabo policial militar Marcos Antônio da Silva e balear três vezes o comerciante J.T.M. durante um assalto no bairro Cristo Rei em 2014. Na condução desse assalto, Brendon teve a ajuda de um comparsa, Odilson Pires da Silva, o “Tatá”, outro integrante do CV MT.
Os dois subiram em uma moto Honda Twister no dia 3 de dezembro de 2014, menos de dois meses após Brendon Kayke completar 18 anos, e se dirigiram até a avenida Dom Orlando Chaves, no bairro Cristo Rei, Várzea Grande, para praticar um assalto contra uma revenda de automóveis.
Odilson Tatá pilotava a moto. Em alta velocidade, entraram na loja, Brendon já desceu de arma em punho e anunciou o assalto. O dono, J.T.M., entretanto, reagiu partindo pra cima dele. Uma luta foi iniciada e a arma, disparada por três vezes, acertando o senhor de 52 anos nas pernas e nádega esquerda.
Como o assalto estava frustrado, partiram em fuga. Logo na saída, o cabo PM, que morava ali perto e ouvira os tiros dados no comerciante, saiu de sua casa e deu voz de prisão proferindo “para que é polícia”. A resposta foi um disparo certeiro no peito feito por Brendon e morte instantânea. Foi preso somente meses depois, no estado do Paraná, e julgado exatamente um ano atrás, em outubro de 2018.
Foi preso no Paraná porque pessoas o reconheceram por fotografias. Aqui, testemunhas também perceberam que ele havia participado de outros dois crimes praticados logo depois da execução do PM e tentativa de latrocínio da loja de carros. Ele nega a autoria desse crime dizendo que quando isso aconteceu ele já estava no Paraná, para onde fugiu depois de assassinar um ex-parceiro de crime chamado Luiz, um mês antes, em novembro de 2014.
OUTRO CASO
A juíza Renata do Carmo Evaristo de Parreira mandou a Polícia Militar deter o advogado Diego Osmar Pizzatto e o conduzir à Central de Flagrantes de Cuiabá, de acordo com a narrativa do boletim de ocorrência registrado às 16h55 do dia 05 de setembro deste 2019 porque, minutos antes, às 15h20, viu o momento em que o advogado passava um telefone celular a seu cliente — um reeducando do CRC (Centro de Ressocialização da Capital) — dentro do Fórum da Capital durante uma audiência.
Como é advogado, ainda que “preso”, Pizzato foi “conduzido” até a delegacia dirigindo sua caminhonete Ford Ranger. O delegado registrou a ação como “ocorrência atípica” e o liberou menos de uma hora depois.
Ele se defendeu ao site Agora MT afirmando que, quando a magistrada determinou sua condução para a delegacia, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) não foi comunicada para enviar um representante que pudesse acompanhar a situação e garantir suas prerrogativas. Além disso, o celular era seu aparelho pessoal e ele só passou ao reeducando porque ligou para a esposa deste para que ela esclarecer que não teria falado a ninguém que o advogado não participaria da audiência, mas quando levou o aparelho ao ouvido do cliente, pois este trazia pés e mãos algemados, a juíza gritou com ele de outra sala e falou que ele não podia fazer aquilo ali. Também disse que precisou fazer algumas ligações porque chegou ao Fórum faltando 15 minutos para o horário marcado, mas a juíza já tinha começado a audiência sem a presença dele.
Perguntada sobre o motivo de ter feito isso, a juíza Renata Parreira apenas disse que o próprio réu dissera que ele não compareceria e que não havia problema dele ser representado pela Defensoria Pública, algo que Pizzato nega ter feito e que exatamente por isso ligou para a esposa de seu cliente, que deveria confirmar que essa informação não partira dela.