Garimpo é descoberto no "Nortão" de MT; quatro pessoas são presas
As forças de segurança descobriram e fecharam um novo garimpo ilegal aberto recentemente em Mato Grosso na manhã desta quinta-feira (24). Esta nova fonte de ouro é localizada na cidade de Apiacás (distante 962 quilômetros de Cuiabá).
Os agentes da Polícia Judiciária Civil, apoiados por policiais militares, prenderam pelo menos quatro pessoas hoje, um dia depois que a Polícia Federal deflagrou a Operação Céu Dourado, pela qual, aliás um dos 26 mandados de busca e apreensão, foi cumprido justamente no município localizado no extremo norte de Mato Grosso.
Na operação de ontem, batizada Céu Dourado, o objetivo é justamente combater a extração e a comercialização ilegal de ouro e outros minérios. Recentemente, há cerca de uma semana e meia, um outro garimpo ilegal "explodiu" em Aripuanã (702 quilômetros de distância da capital). Uma pessoa morreu durante o processo de desintrusão da área e os casos de malária triplicaram devido ao aumento abrupto de pessoas sem vacinação, vindas de fora, em desespero a cada novo anúncio de mina descoberta, gerando as famosas corridas do ouro.
Mato Grosso ocupa a primeira posição no ranking de exportação e extração de ouro e diamante no Brasil, segundo dados do relatório anual de lavra do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) do Estado, desde 2014, ano utilizado pela reportagem para o recorte.
Também é dono do primeiro lugar na produção de ouro destinado ao mercado financeiro. Para se ter uma ideia, o Estado comercializou no ano anterior ao estudo (2013) um total de R$ 3.357,086 milhões — em valores da época, baseados nos preços dos gramas de cada minério —, o que equivalia então a 38.895 quilates de diamante e 9,93 toneladas de ouro, segundo a Metamat (Companhia Mato-grossense de Mineração). Desse montante, mais de 50% são provenientes dos garimpos, o restante foi extraído por mineradoras.
Um grama de ouro hoje está cotado a R$ 195,46; um quilate de diamante pode chegar a US$ 63 mil.
As cooperativas são as grandes responsáveis por esses números. Naquele ano do último estudo, foram responsáveis pela produção de nada menos que 2,4 toneladas de ouro. Eles representam 80% da produção em garimpos, mas a exploração ilegal também dá as cartas.
OPERAÇÃO CÉU DOURADO
Vários dos 26 mandados judiciais da Operação Céu Dourado foram cumpridos em Cuiabá, Alta Floresta (distante 795 quilômetros da capital), Apiacás (936 quilômetros), Colíder (635 km) e Colniza (1.067 km) na manhã da quarta-feira (23). Em todas essas cidades havia fornecedores de ouro ilegal para uma empresa que operava em Goiânia, estado de Goiás, mas revendia para São Paulo e, suspeita a PF, até para a Europa.
Em Apiacás e Alta Floresta os alvos foram justamente duas lojas especializadas no comércio de ouro pertencentes a um mesmo proprietário. Inclusive, o estabelecimento de Alta Floresta foi alvo da Operação Trypes. Em Colíder, segundo a PF, o alvo foi um hangar onde foi apreendido um avião.
No aeroporto Marechal Rondon, os policiais também fizeram a apreensão de uma aeronave.
À exceção óbvia da capital, todas as cidades estão situadas no extremo norte do Estado, região conhecida pela riqueza mineral e com partes de seu território já dentro da Amazônia.
Na última semana, a mesma PF realizou uma operação para desintrusão de um garimpo ilegal em Aripuanã (distante 705 quilômetros da capital). Em Goiânia, o alvo foram as empresas ligadas ao comércio e exportação ilegal, pois seriam elas as responsáveis por emitir notas fiscais falsas para esquentar as cargas.
Todos os mandados foram expedidos pela Quinta Vara da Justiça Federal de Goiânia. Foi lá que a investigação começou, em junho deste 2019, depois que a PF apreendeu 110 quilos — avaliados em mais de R$ 22,4 milhões — do minério, dentro de um avião estacionado na pista do Aeroporto Santa Genoveva, na capital de Goiás.
Além dos dois Estados da região Centro-Oeste, os agentes cumprem mandados em São Paulo. A tese dos investigadores é de que o material de alto valor comercial e industrial é vendido clandestinamente para países da União Europeia porque essas empresas não possuem licenças de exportação e ainda esquentavam o material com notas fiscais frias. Conforme a imprensa da capital vizinha, a carga fora apreendida no Santa Genoveva juntamente com o passageiro que a mandou embarcar.