Duas armas apreendidas com os bandidos que foram mortos na semana passada durante um tiroteio no supermercado Atacadão, em Cuiabá, foram roubadas de policiais civis integrantes do Grupo Armado de Resposta Rápida (Garra) durante uma “emboscada” registrada em 28 de julho de 2018 no município de Juruena (880 km de Cuiabá). Na época, os investigadores estavam em campana monitorando ladrões de banco, mas acabaram surpreendidos e roubados pelos criminosos.
Uma fonte ouvida por FOLHAMAX garante que as investigações apontaram que os criminosos estariam desarmados quando renderam os policiais durante a noite e roubaram três armas e diversas munições. Dentre elas, estavam uma carabina CTT40 e duas pistolas, sendo uma PT 100 (semi-automática) com 3 carregadores municiados e uma ponto 40 também com carregador municiado e outro sem munições.
As armas roubadas dos policiais civis até então continuavam desaparecidas. Mas no dia 10 deste mês, a submetralhadora e uma pistola foram apreendidas em posse dos assaltantes mortos em troca de tiros com vigilantes da empresa Brinks.
O confronto foi registrado no momento em que funcionários da empresa transportadora de valores abasteciam os caixas eletrônicos do mercado atacadista na Avenida Fernando Corrêa da Costa, região do Coxipó. “As armas do tiroteio do Atacadão eram as armas roubadas dos policiais em Juruena. Foi só uma submetralhadora da Taurus que foi roubada da Polícia em Mato Grosso. A pistola apreendida com os assaltantes também foi roubada naquela situação e a Polícia não tinha conseguido recuperar”, disse um policial civil à reportagem ao lembrar que os suspeitos naquela época eram assaltantes de bancos que pretendiam arrombar caixas eletrônicos de uma agência do banco Sicredi em Juruena.
TIROTEIO NO ATACADÃO
Após o tiroteio no Atacadão no dia 10 deste mês, a Polícia Militar informou que os criminosos estavam armados com uma metralhadora MT40 da Taurus e uma pistola ponto 40, que eram roubadas da polícia. A pistola apreendida estava nas mãos de um dos ladrões morto no banco traseiro de um veículo HB 20 de cor prata no estacionamento do supermercado.
O veículo ficou “cravejado” de tiros na lataria e nos vidros que ficaram estilhaçados. Assim, um ladrão morreu dentro do carro enquanto outro chegou a ser socorrido, mas morreu a caminho do Pronto-Socorro de Cuiabá.
A Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), sob o comando do delegado Flávio Henrique Stringueta investiga o caso e trabalha com a hipótese de participação de pelo menos 10 criminosos, inclusive, integrantes da facção criminosa Comando Vermelho (CV).
Outra hipótese em investigação é a possível participação da vigilante da empresa Brinks. As imagens do circuito interno registraram o momento em que ela estava em pé com um malote de dinheiro e foi abordada por um ladrão que tentou tomar o malote. Ambos rolaram no chão, mas ela não atirou no criminoso. No entanto, outro vigilante encostou sua arma de cano longo calibre 12 nas costas do assaltante e o matou no local. Depois, a esposa de um dos ladrões mortos chegou ao local denunciando que a vigilante estava envolvida e teria passado informações aos assaltantes.
Ouvida na delegacia a vigilante negou ter repassado informações aos criminosos. De todo modo, o delegado Flávio Stringueta pediu à Justiça que quebre o sigilo telefônico dela, pois ele disse ter “convicção” de que ela está envolvida com os ladrões.
ROUBO DE ARMAS EM JURUENA
Na época do roubo das armas um boletim de ocorrência foi registrado pelos policiais vítimas da "embocada" junto à Polícia Civil. Eles relataram que a partir de informações da GCCO, de um possível furto qualificado estava prestes a acontecer em Juruena, uma equipe do Garra se deslocou para a Cidade para monitorar os suspeitos.
No dia 28 de julho por volta das 21 horas, os policiais receberam a informação de que os suspeitos ainda permaneciam em Juruena. Dessa forma, se dividiram em dois grupos, sendo um incumbido de realizar o monitoramento a pé e outro com uma caminhonete S10. Por volta das 23h um veículo Ford Ka de cor branca se aproximou da rua aos fundos do banco após ter passado diversas vezes pelo local. Havia a informação de que policiais militares também faziam monitoramento com veículos descaracterizados. E por não saber quais veículos eram usados pelos PMs, os investigadores da PJC acharam que o carro dos criminosos seria de policiais militares.
Num determinado momento o Ford Ka parou e quatro homens desceram. Da dupla de policiais civis que fazia as rodas a pé, um conseguiu fugir enquanto o outro foi abordado num terreno e teve a pistola com três carregadores levada pelos ladrões e também o celular.
As outras armas e munições estavam dentro de uma mochila deixada para trás pelo policial fujão. Ele, inclusive, caiu durante a fuga sofrendo escoriações pelo corpo. O policial civil que foi abordado narrou no boletim de ocorrência que os criminosos alegavam ser policiais militares e por isso ele não tentou reagir. “A todo o momento o policial ouviu ordens do suspeito Cleberson França dos Santos, o Huck, que era para atirar na cabeça caso o policial reagisse”, consta no boletim registrado na época.
No documento os policiais disseram que os criminosos ao descerem do carro estavam armados. No entanto, um investigador da Polícia Civil que acompanhou o desdobramento do caso afirmou ao FOLHAMAX que os ladrões sequer usavam armas quando roubaram as pistolas e a submetralhadora dos investigadores. "Eles pretendiam praticar um furto, atacar caixas eletrônicos e não estavam com armas. Estavam somente com celulares nas mãos porque era noite e estava tudo escuro", relatou.
Na ocorrência, alguns equipamentos dos criminosos que seriam utilizados para cortar os caixas eletrônicos, foram apreendidos. Os policiais também conseguiram prender Cleverson França dos Santos, 25, o Huck, natural de Várzea Grande que integrava o grupo de ladrões.