Dos seis presos na Operação Mantus na semana passada que foram levados para interrogatórios nesta terça-feira (4) na sede da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), em Cuiabá, apenas um confessou participação na organização criminosa Ello/FMC. Os demais, incluindo Giovanni Zem Rodrigues, genro do ex-comendador João Arcanjo Ribeiro, ficaram em silêncio por estratégia de defesa.
No entanto, detalhes do depoimento de João Henrique Sales de Souza, não foram divulgados. Ao FOLHAMAX, o delegado Flávio Henrique Stringueta, que conduz os trabalhos juntamente com os colegas Luiz Henrique Damasceno e Juliana Chiquito Palhares, confirmou que o preso admitiu fazer parte do grupo chefiado por Frederico Müller Coutinho, o “DOM”.
Relatou que fazia parte da organização criminosa na medida da sua culpa e alegou também que apenas os líderes e o dono da empresa é que ganhavam dinheiro com o jogo do bicho. “Os outros ganhavam uma merreca para sobreviver”, relatou Stringueta sobre o investigado.
Ainda de acordo com o delegado, o investigado recebia cerca de R$ 5 mil com a prática da contravenção penal. Os depoimentos nesta sexta-feira foram conduzidos pela delegada Juliana Chiquito.
Os demais presos levados para interrogatórios foram: Alexsandro Correia, Bruno Almeida dos Reis, Mariano Oliveira e Marcelo Gomes Honorato. Todos estão detidos na Penitenciária Central do Estado (PCE).
Na Operação Mantus, 33 pessoas acusadas de integrarem as duas organizações criminosas atuantes na exploração do jogo do bicho tiveram a prisão decretada pelo juiz Jorge Luiz Tadeu Rodrigues da 7ª Vara Criminal de Cuiabá. O magistrado também expediu 30 mandados de buscas e apreensões que foram cumpridos na última quarta-feira (29), quando a GCCO e a Defaz mobilizaram dezenas de policiais para cumprir as ordens judiciais na Operação Mantus.
A organização criminosa Ello, segundo as investigações, disputava espaço e clientes do jogo do bicho com o Grupo Colibri, chefiado por Arcanjo e seu genro. No caso de João Henrique, o único que confessou pertencer ao grupo Ello, consta no decreto prisional que sua função era de recolhedor. Conversas que ele manteve por telefone com outros integrantes do grupo foram interceptadas com autorização da Justiça e reproduzidas no relatório policial que subsidiou o pedido de prisão.
“Portanto, as provas até agora colhidas encetam para a participação de João Henrique Sales Souza na organização criminosa Ello, pelo menos até certo momento, enquadrando-se sua conduta na prática, em tese, nas infrações penais do art. 58 da Lei de Contravenções Penais (jogo do bicho), do art. 2º a Lei 12.850/2013 (organização criminosa) e do delito descrito no art. 1º Lei 9.613/98 (Lavagem de Dinheiro)”, consta na decisão de Jorge Tadeu.
Oitivas de Frederico Coutinho e João Arcanjo
Para esta quarta-feira (5), às 14h, estão previstos dois interrogatórios: de Frederico Coutinho, apontado como o chefão do Grupo Ello e Edson Nabuo Ybumoto, que, segundo as investigações, integra a organização de Coutinho e atuava como gerente em Tangará da Serra (240 Km de Cuiabá) administrando pontos de aposta no Município.
Já o interrogatório de João Arcanjo Riberio está marcado para a quinta-feira (6), às 14h.